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‘Volto em maio’, promete D.Claúdio a irmão
11/04/2005 | 12:27
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Pouco antes de tomar o avião que o levou a Roma para os funerais do papa João Paulo II, o cardeal d. Cláudio Hummes, ex-bispo de Santo André e atual arcebispo de São Paulo, conversou por telefone com seu irmão Artêmio, que mora em Salvador do Sul (RS) e avisou: “Aconteça o que acontecer, estarei aí no dia 29 de maio”. Todos os anos, rigorosamente, no final de maio ou início de junho, d. Cláudio tira alguns dias para rever os parentes e participar de uma velha tradição dos Hummes: um almoço da família inteira, que costuma reunir 60 pessoas ou mais, para festejar o aniversário de seu pai, Pedro Adão.

D. Cláudio jamais faltou. Quando o pai morreu, dois anos atrás, ele pediu à sua irmã Alaíde, a organizadora desses encontros, que o almoço continuasse. Ao dizer “aconteça o que acontecer”, como lembra o próprio Artêmio, d. Cláudio “talvez queira dizer muita coisa, inclusive nada”. Mas é inevitável que na família – na região há 7 irmãos, 30 sobrinhos e 34 sobrinhos-netos – e entre os amigos da cidade surja a pergunta: se ele for o escolhido pelo Colégio dos Cardeais como novo chefe da Igreja Católica, vai manter a promessa? O modesto bairro de Linha Comprida, afastado 3 km de Salvador do Sul, onde ele viveu dos 9 meses aos 9 anos, vai receber um papa e transformar-se subitamente no centro dos acontecimentos mundiais?

As conversas são discretas e a ordem geral é mostrar cautela, mas o sonho de uma visita de d. Cláudio como papa à região dorme em todos. Na pequena cidade onde vivem hoje cerca de 7 mil pessoas, não falta quem imagine um cenário com ruas lotadas de carros, seguranças, peregrinos em todos os lados e a cidade nas páginas dos jornais e na televisão.

Uma das marcas mais fortes do caráter do cardeal, dizem seus parentes, é levar sempre até o fim o que decidiu e anunciou. “A fidelidade que o cardeal dedica ao grupo familiar é impressionante e acho que não vai mudar”, avalia a sobrinha Mariane, mãe de três filhos, um deles seminarista.

Artêmio, seu pai, reforça a idéia: “Se tivesse qualquer dúvida (que vem), quando se despediu de mim, antes de subir no avião em São Paulo, ele diria qualquer outra coisa ou não diria nada”. O religioso estava bem-humorado naquele momento, lembra Artêmio. “Quando perguntei, na lata, se teremos um papa gaúcho, ele deu uma risada e comentou: ‘Agora eu sou paulista!‘“

Há alguns dias, Artêmio foi procurado pelo prefeito da cidade, Wolney Garcia de Lima (PP), e por um de seus secretários. “Eles vieram me perguntar se é verdade que ele disse que virá de qualquer jeito”, lembra Artêmio. Eu confirmei. “Mas, se ele se tornar papa, como fica? Nem temos espaço”, comentou o prefeito. Artêmio, que já foi vereador por 12 anos e quatro vezes secretário da Prefeitura, deu de ombros: “Sei lá. Isso é problema de vocês.”



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