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Concorrência com produtos da China afeta empresas brasileiras
Fabrício Migues
Do Diário do Grande ABC
08/03/2007 | 22:41
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O Brasil sofre com a concorrência chinesa. Uma em cada quatro empresas industriais brasileiras são afetadas pelos produtos da China. Os números foram divulgados quinta-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O estudo mostrou que 52% das empresas brasileiras que concorrem com produtos chineses apresentaram queda nas vendas internas. Do total das indústrias nacionais, 26% afirmaram que concorrem com o País asiático. Já no mercado internacional, a queda foi sentida por 58% das empresas brasileiras. Tanto que 7% das pequenas e médias e 2% das grandes indústrias que são exportadoras interromperam as atividades devido à concorrência.

Para o diretor regional da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em Diadema, Rinaldo Dini, a concorrência é desleal porque a China não pode ser considerada uma economia de mercado. “Lá eles não têm preocupação com o meio ambiente como nós. As leis trabalhistas são bem menos rígidas e não tem sindicatos. A maior parte das empresas é estatal, por isso não pagam os tributos que nós pagamos”, critica.

Na análise do diretor, combater a China é muito difícil devido às leis brasileiras. “Se o Brasil quiser realmente enfrentar os produtos chineses, tem de fazer uma reforma trabalhista e tributária e melhorar a fiscalização dos produtos que entram no País. Só que isso não está acontecendo e prevejo dificuldades no futuro.”

A preocupação de Dini é que a China domine o mercado todo. “O que acontecerá quando eles dominarem praticamente 100% do mercado? Os preços serão os mesmos? E o pior, é sempre muito difícil reindustrializar um País. O problema não é só nacional não. É global.”

Shotoku Yamamoto, diretor regional da Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em Santo André, lembrou que a pirataria de produtos chineses é grande. “Precisamos fazer um combate maior a essa prática.”

Para Yamamoto, a China continuará a ter mão-de-obra barata. “Tem muita gente no país que trabalha na roça e gostaria de entrar nas indústrias para melhorar de vida. O custo de produção fica barato com esse perfil de mão-de-obra”, afirma. Ele criticou ainda o Brasil por ter reconhecido a China como uma economia de mercado. “Por todas as práticas chinesas, isso não está certo.”




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