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Colheita de ópio aumentou 34% no Afeganistão, diz estudo da ONU
Da AFP
27/08/2007 | 18:37
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A ONU anunciou nesta segunda-feira que a colheita de ópio no Afeganistão aumentou 34% no presente ano, alcançando seu máximo histórico, em um país que quase monopoliza a produção desse tipo de droga no mundo, e cuja superfície supera a da cocaína na Colômbia, Peru e Bolívia juntos.

"A produção de ópio alcançou níveis recordes em 2007 e se concentra fundamentalmente no sul do país, uma zona instável (onde se concentram os talibãs)", observou o relatório da ONUDC (Agência da ONU contra a Droga e o Crime), divulgado nesta segunda em Cabul.

O ópio afegão representa 93% do cultivo mundial, contra 92% em 2006, ou seja, segundo a ONUDC, o Afeganistão é o país com o maior número de terras destinadas à produção da droga. "A quantidade de terra afegã destinada ao ópio supera a do cultivo de coca de Colômbia, Peru e Bolívia juntos. Nenhum outro país produzia narcóticos em escala semelhante desde a China no século XIX", acrescenta o documento.

Em 2007, serão cultivados cerca de 193 mil hectares de papoula, em comparação aos 165 mil de 2006, enquanto a colheita aumentará de 6,1 mil toneladas, no ano passado, para 8,2 mil toneladas. De acordo com o informe, em dois anos, a produção terá duplicado.

Esse avanço acontecerá, apesar dos esforços de Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, que desembolsaram milhões de dólares para a erradicação desse cultivo tradicional, utilizado hoje em dia para financiar as atividades dos insurgentes islâmicos talibãs contra o poder do presidente Hamid Karzai. "O cultivo do ópio vai na relação inversa ao controle governamental", explicou o diretor-executivo da ONUDC, Antônio Maria Costa.

De acordo com o estudo, o cultivo da papoula está "ligado estreitamente" à insurreição dos talibãs e serve para o financiamento da guerra contra o poder. Em 2000, os talibãs chegaram a proibir, por meio de um fatwa (decreto religioso), o cultivo da papoula.

"O que era considerado um pecado, agora se estimula", avaliou Costa, que pediu às autoridades afegãs e à comunidade internacional que façam um esforço mais enérgico na luta contra duas ameaças gêmeas: a droga e a insurgência. Para ele, "será um erro histórico" deixar que o Afeganistão se afunde sob o peso desses dois fatores.



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