Mil veículos transportando dez mil agricultores marcharam em três colunas pelas principais avenidas da capital argentina até a Plaza de Mayo, na frente da sede do governo, a Casa Rosada. Mais de mil policiais vigiaram a manifestaçao, e impediram a entrada de tratores na cidade, além da distribuiçao gratuita de cereais e legumes. Este é o terceiro protesto nacional do setor neste ano, mas desde 1993 os agricultores nao protestavam na capital do país. O setor, antes um dos pilares incondicionais do modelo econômico do governo do presidente Carlos Menem, agora é um de seus mais fervorosos críticos.
Sobram motivos para isso, sustentam os representantes do setor: os agricultores possuem dívidas que atingem US$ 7 bilhoes. Além disso, metade dos produtores têm suas propriedades hipotecadas, abrangendo 12 milhoes de hectares. Os altos custos da agricultura argentina tornam impossível o pagamento das hipotecas, que atingem US$ 10 bilhoes.
O governo, afirmam, só complica mais a situaçao: para cumprir as metas fiscais pactadas com o FMI aumentou a pressao tributária sobre o setor em US$ 500 milhoes nos últimos doze meses. Os agricultores pedem a eliminaçao do imposto de renda e dos impostos sobre os juros bancários.
Além disso, solicitam a reduçao dos pedágios, créditos com juros mais baixos, e o refinanciamento das dívidas.
O Mercosul estimulou diversos setores agropecuários argentinos, aumentando as exportaçoes de arroz, trigo e lácteos. No entanto, colocou em risco de extinçao a produçao de frangos e de açúcar. A lentidao nas negociaçoes entre os governos dos dois países apressaram um acordo paralelo entre os produtores avícolas argentinos e brasileiros. No entanto, os usineiros argentinos - protegidos pelo Estado durante um século - se recusam a qualquer diálogo, e nao aceitam a entrada do mais competitivo açúcar brasileiro, alegando que colapsará a economia de três províncias, causando a perda de 50 mil empregos.
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