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Agricultores argentinos devem US$ 7 bilhoes
Do Diário do Grande ABC
21/07/1999 | 17:07
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As mais importantes federaçoes de agricultores argentinos paralisaram o trânsito de Buenos Aires terça-feira (20) à noite, ao realizar o maior protesto do setor na década. Os agricultores acusaram o governo de descaso, e pediram medidas urgentes para salvar o setor do colapso. Economistas calculam que desde o início do ano, os agricultores perderam US$ 3 bilhoes por causa da queda dos preços dos commodities, e consideram que nunca viram uma crise no campo tao profunda nesta segunda metade do século.

Mil veículos transportando dez mil agricultores marcharam em três colunas pelas principais avenidas da capital argentina até a Plaza de Mayo, na frente da sede do governo, a Casa Rosada. Mais de mil policiais vigiaram a manifestaçao, e impediram a entrada de tratores na cidade, além da distribuiçao gratuita de cereais e legumes. Este é o terceiro protesto nacional do setor neste ano, mas desde 1993 os agricultores nao protestavam na capital do país. O setor, antes um dos pilares incondicionais do modelo econômico do governo do presidente Carlos Menem, agora é um de seus mais fervorosos críticos.

Sobram motivos para isso, sustentam os representantes do setor: os agricultores possuem dívidas que atingem US$ 7 bilhoes. Além disso, metade dos produtores têm suas propriedades hipotecadas, abrangendo 12 milhoes de hectares. Os altos custos da agricultura argentina tornam impossível o pagamento das hipotecas, que atingem US$ 10 bilhoes.

O governo, afirmam, só complica mais a situaçao: para cumprir as metas fiscais pactadas com o FMI aumentou a pressao tributária sobre o setor em US$ 500 milhoes nos últimos doze meses. Os agricultores pedem a eliminaçao do imposto de renda e dos impostos sobre os juros bancários.

Além disso, solicitam a reduçao dos pedágios, créditos com juros mais baixos, e o refinanciamento das dívidas.

O Mercosul estimulou diversos setores agropecuários argentinos, aumentando as exportaçoes de arroz, trigo e lácteos. No entanto, colocou em risco de extinçao a produçao de frangos e de açúcar. A lentidao nas negociaçoes entre os governos dos dois países apressaram um acordo paralelo entre os produtores avícolas argentinos e brasileiros. No entanto, os usineiros argentinos - protegidos pelo Estado durante um século - se recusam a qualquer diálogo, e nao aceitam a entrada do mais competitivo açúcar brasileiro, alegando que colapsará a economia de três províncias, causando a perda de 50 mil empregos.




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