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ONG faz artesanato gerar emprego e renda
Priscila Dal Poggetto
Do Diário do Grande ABC
16/09/2006 | 20:55
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Nascida em Mauá, moradora de Rio Grande da Serra, Adriana de Mattos Araújo enfrenta a realidade comum entre jovens da região: não consegue emprego por falta de experiência, mora com pai e mãe desempregados e precisa sustentar a família. Para ajudar os pais e os dois irmãos, começou a fazer bijuterias de miçangas. Foi quando conheceu o projeto Jóias de Icatuaçu, que conta com o apoio da ONG (Organização Não-Governamental) Instituto Novos Saberes.

Com as oficinas de capacitação promovidas pela ONG, Adriana e outras mulheres da comunidade descobriram que podiam utilizar sementes de árvores da região, uma área de mananciais, para desenvolver produtos diferenciados e de baixo custo – as biojóias.

"Fazendo as peças na minha própria casa, passei a sustentar a minha família. Transformo semente em dinheiro", orgulha-se. "Ensinei até meu pai. Ele me ajuda muito na produção". As biojóias de Adriana geram de R$ 300 a R$ 500 por mês.

Amparadas pelo projeto, as mulheres começaram a vender os trabalhos a conhecidos, depois expandiram o negócio para as cidades da região e, hoje, já exportam para a Europa. Neste mês, a artesã enviou para clientes na Itália um mostruário com R$ 1 mil em peças. A previsão é de exportar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, inicialmente.

Segundo ela, o custo do artesanato é muito baixo, porque 70% do produto é feito com material natural, que colhe das árvores de praças, ruas e parques. "Minha irmã trabalha informalmente na rua 25 de Março e ganho mais do que ela", comenta.

Após quatro anos de trabalho, aos 21 anos, Adriana capacita outras mulheres e oferece aulas particulares que completam a renda. Além de Rio Grande da Serra, já deu palestras em Diadema e, recentemente, foi convidada para ministrar um curso pela Unipar, que tem controle acionário sobre diversas empresas do Pólo Petroquímico. A oficina de geração de renda faz parte do projeto de responsabilidade social da Unipar.

Segundo o coordenador da ONG, Carlos Boldo, muitas empresas da região procuram a organização, que é voltada à proteção ambiental, para "cumprir formalidades". Por esse motivo, trabalhos como o de Adriana não são tão valorizados. "Precisamos mudar a consciência empresarial. Incentivar a geração de renda vai além de uma responsabilidade social", afirma.

Boldo reclama que além do segundo setor, o governo dificulta muito o trabalho das ONGs. "A Adriana, por exemplo, não pode se tornar uma microempresária por causa das altas cargas tributárias. Para se manter na formalidade, tem que continuar ligada ao projeto da organização, que está amparada pela lei do terceiro setor", explica o coordenador.

Para Boldo, formar programas de sustentabilidade é difícil em todo o país. "Precisamos trabalhar em conjunto com o governo e com o segundo setor para colhermos bons resultados", observa. "Um dos problemas que mais enfrentamos é o da exportação. Como enviar mercadorias para outros países, se as barreiras alfandegárias são impostas pelo próprio governo brasileiro? O terceiro setor precisa ser incentivado", reclama.




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