A Volkswagen do Brasil abriu as portas da fábrica de São Bernardo na semana passada para apresentar o novo Volkswagen Design Center. De acordo com a marca, o centro teve sua área ampliada (para um total de 2.360 metros quadrados), no intuito de abrigar todo o processo de criação de projetos e reunir as áreas de Package & Strak, Design Shape e Serviços. A ampliação faz parte de investimento de R$ 8,7 bilhões que a montadora faz deste ano até 2016 e que está ligado a projeto maior, o Mach18, que pretende levar a Volks à liderança mundial em 2018. O valor aplicado somente no novo estúdio, porém, não foi revelado.

"A inauguração do espaço é um upgrade para a criação de produtos, pois toda a cadeia depende daqui, ou seja, a produção e venda de qualquer carro começa pelo design", afirmou Luiz Alberto Veiga, gerente executivo de Design & Package da Volkswagen do Brasil. Questionado sobre a inclusão de novas tecnologias ou softwares no centro de design, Veiga explicou que as cerca de 70 pessoas que trabalham ali (viajando entre as sedes da Alemanha, China e Califórnia, nos Estados Unidos), estão completamente antenadas às novas tecnologias, por isso, "hoje, tudo o que usamos aqui temos também nos centros lá de fora, mas se amanhã surgir uma nova tecnologia, que facilite nosso trabalho, com certeza, buscaremos implantar o mais rápido possível", garantiu.

O Centro de Realidade Virtual foi inaugurado em 2008, na fábrica de São Bernardo e integrado à área de design. Ele utiliza tecnologia em três dimensões para simular virtualmente os novos projetos e compartilhá-los com todo o Grupo Volkswagen. Sendo assim, os novos modelos podem ser analisados e visualizados em detalhes antes mesmo da construção de protótipos, garantindo mais praticidade e qualidade.

ETAPAS

O primeiro passo para a concepção de um veículo é dado através da criação de sketches (desenhos em duas dimensões). Na área de Package os profissionais ajustam o veículo ao tamanho ideal e analisam as questões ergonômicas em relação ao potencial comprador.

Depois disso, as ideias são transferidas para um desenho com tamanho real do novo carro que, após aprovado, chega à fase do clay - uma massa especial para modelagem que lembra a argila - para dar a dimensão do automóvel em tamanho real. O mesmo ocorre na composição do interior.

Após definir as cores da carroceria, o modelo é levado para a matriz, na Alemanha, onde é submetido à direção do Design Center em Wolfsburg. A partir daí, são feitos ajustes para a fase de construção da superfície matemática, a última etapa antes da viabilidade para entrar em produção.

Quatro décadas marcam a história da montadora

De acordo com Luiz Alberto Veiga, gerente executivo de design da Volks, a área de design da marca no Brasil nasceu no bairro do Ipiranga, na Capital, para desenvolver carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. O intuito era acompanhar o crescimento da indústria brasileira. Naquela época, a marca lançou sucessos memoráveis como o Karmann-Ghia (1962), Variant (1969) e TL, em 1970.

Na década de 1970, o centro de design da marca no Brasil criou os primeiros Volkswagen genuinamente nacionais: o SP2 (1972) e a Brasilia (1973 ).

Nos anos 1980, nasceu o Gol, líder de vendas até hoje no mercado nacional. Em seguida, os modelos derivados dessa plataforma - Voyage, Parati e Saveiro - começaram a invadir as ruas brasileiras.

"Em 1984, viemos para o prédio da Anchieta, no térreo da ala 17, e lá a Volkswagen do Brasil entrou no segmento de luxo, com o Santana (1984) e a Quantum (1985)", relembrou Veiga.

Nos anos 2000, a Volkswagen se preparava rumo à tecnologia de ponta para a chegada do Polo (2002) e o Polo Sedan (2003), modelos feitos pelos irmãos Pavone, que foram estagiários do concurso Talento Design da Volks, por meio do qual os vencedores são premiados com estágio de um ano na área de design da marca, tendo a oportunidade de seguir carreira, como Raul Pires, ex-chefe de design da Bentley e atualmente diretor de design da Ital Design.