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Avião-foguete abre nova era na corrida espacial
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
26/06/2004 | 20:11
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O Air Ship One entrou para a história na semana passada ao levar um tripulante para o espaço sem a ajuda de verbas governamentais. Foi um vôo totalmente privado, bancado por um milionário mecenas, idealizado por um engenheiro aeronáutico e conduzido por um piloto veterano.

A possibilidade de um avião de passageiros realizar viagens regulares pelo espaço inaugura uma nova fronteira. Se hoje uma viagem ao Japão demora cerca de 22 horas, no futuro, a bordo de um avião interplanetário, a mesma viagem pode durar menos de uma hora. Isso porque, no espaço, não há a mesma resistência, o impacto, a forte turbulência que os aviões enfrentam, por causa da pressão atmosférica.

Basta decolar, escapar da atração gravitacional, atingir uma altitude de cerca de 100 quilômetros e deslocar o aparelho até o local de destino. O passo seguinte é reentrar na atmosfera e aterrissar no aeroporto escolhido.

Recursos – O Air Ship One foi imaginado pelo construtor de aeronaves Burt Rutan, 61 anos. Ele apresentou seu projeto ao milionário Paul Allen, um dos fundadores da Microsoft. Os dois estavam em um restaurante e Rutan ia desenhando os fundamentos do aparelho em um guardanapo de papel. Allen gostou da idéia e forneceu os recursos necessários para o empreendimento.

Assim, em um hangar do deserto de Mojave, a 160 quilômetros de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos, nascia a Scaled Composites. Faltava achar um piloto experiente, capaz de concretizar a proeza. O escolhido foi o vovô sul-africano, radicados nos Estados Unidos, Mike Melvill, 62 anos.

Na segunda-feira, dia 21 último, o Space Ship One fez seu vôo inaugural. Transportado por um avião cargueiro, o White Knight (Cavaleiro Branco), o Space Ship One foi levado até uma altura de 15 km. A partir daí, ele foi solto pelo avião cargueiro para iniciar seu vôo solo.

Confeitos – Melvill esperou 80 segundos para acionar a turbina e o avião-foguete disparou a 3,5 mil km/h (três vezes a velocidade do som). Minutos mais tarde, Melvill estava no espaço a 100 quilômetros de altitude. “Uma experiência religiosa”, declarou o piloto, enquanto sobrevoava a Califórnia. Livre da atração gravitacional, Melvill abriu um envelope de M&M‘s e os confeitos coloridos flutuaram dentro da cabine.

Vinte minutos depois, ele aterrissava no deserto de Mojave, sob os aplausos de sua mulher, filhos e quatro netos.

O avião-foguete é movido por uma mistura de óxido nítrico e propelente de borracha. A cabine do piloto lembra as primeiras naves, que os americanos colocaram em órbita.

O Space Ship One deve voltar brevemente ao espaço. O protótipo concorre a um prêmio de US$ 10 milhões, oferecido pela X-Prize Foundation, para o primeiro vôo privado que consiga levar três pessoas a uma altitude de 100 km.




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