Turismo Titulo
Costa Amalfitana revela cenários de cinema
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
13/10/2011 | 07:23
Compartilhar notícia


Ir à Campânia e não percorrer os quase 100 quilômetros da Costa Amalfitana é o mesmo que visitar o Rio e não subir o Corcovado. Afinal, é nessa região que ficam cidades como Sorrento, Positano, Amalfi e Ravello, uma mais charmosa que a outra. E não é todo lugar que oferece um verdadeiro varandão bem de frente para o Mediterrâneo, com casas construídas em morros, praticamente na vertical, parecendo desafiar a habilidade de engenheiros e enfeitiçar o turista com uma vista espetacular do Mar Tirreno. Não à toa, a costa foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em razão de sua beleza natural.

Para quem vem de Nápoles, o primeiro ponto de parada é Sorrento, que, embora geograficamente pertença à península onde termina o Golfo de Nápoles, é turisticamente considerada membro da Costa Amalfitana devido à semelhança de paisagens dominadas por rochedos escarpados à beira-mar.

Só suas águas claras já justificam a inclusão e fama da cidade, imortalizada na canção Torna a Sorriento (Volte a Sorrento), um dos ‘hinos' da música popular napolitana.

Cantado ou não, o convite de retornar à Sorrento é mesmo irresistível. Tanto que o charme de sua atmosfera, realçado pela agradável brisa do mar e pelo eterno perfume de laranjeiras e limoeiros, foi descoberto pelo turismo vários séculos atrás, quando personalidades como Byron, Keats, Goethe, Wagner, Ibsen e Nietzsche declararam publicamente seu fascínio pelo local.

Antes de pegar a estrada sinuosa que margeia a costa, passa-se pela Piazza Tasso, que homenageia um dos mais ilustres filhos da cidade: o poeta Torquato Tasso, nascido no século 16 e que até hoje é motivo de orgulho entre os sorrentinos.

Também vale conhecer o Claustro de São Francisco no Centro Histórico e o museu Correale di Terranova, instalado em uma mansão do século 18, com achados arqueológicos e obras de arte de diversas épocas.

Depois, pé na estrada até a vizinha Positano, onde centenas de casas coloridas acompanham o relevo íngreme das montanhas à beira do Mediterrâneo, dispostas umas sobre as outras desde a praia até o topo dos morros. Como já é de se imaginar, a vista lá de cima é indiscutivelmente bela. Dá até para ver o arquipélago de Li Galli ou Sirenuse, que, de acordo com a epopéia de Homero, era habitado por sereias cujo canto enfeitiçava os companheiros de viagem do herói Ulisses, levando-os a se atirar ao mar. O próprio Ulisses só resistiu porque se amarrou ao mastro do navio. Também, com ou sem sereia, quem resistiria a um banho em suas águas depois de bater perna pelos bares, restaurantes e lojinhas da moderna Positano?

 

AMALFI

O mesmo vale para Amalfi, outra pérola incrustada entre os rochedos e o mar cor de esmeralda que faz a fama da costa desde 1.000 anos atrás. A cidade foi a primeira república marinha da Itália e chegou a rivalizar com os portos de Gênova e Pisa na comercialização de mercadorias com o Oriente durante os séculos 10 e 11.

Por meio das famosas Tábuas Amalfitanas, a cidade instituiu o primeiro Código de Direito Marítimo do mundo e se orgulha de ser a pátria de Flavio Gioia, tido como o inventor da bússola - embora o instrumento já fosse utilizado por chineses há muito tempo (na verdade, ele aprimorou a criação chinesa).

Outras boas opções de passeio na cidade que dá nome à costa é conferir a produção medieval de papel no Vale dos Moinhos e passar a mão na cabeça dourada de Santo André na entrada do Duomo de Amalfi, do século 10, que se ergue no alto de uma escadaria - dizem que dá sorte tocar na imagem do santo, cujos restos mortais repousam na cripta da catedral.

Assim como na badalada ilha de Capri, a costa também abriga uma gruta em que a luz refletida na água forma uma atmosfera fantástica. Trata-se da Grotta dello Smeraldo, cujas estalagmites ao fundo - com direito a um presépio submarino - revelam que, no passado, a gruta ficava fora d'água.

 

RAVELLO

O giro pela Costa Amalfitana se completa com paradas breves em Ravello, Maiori, Minori e Vietri Sul Mare até chegar a Salerno, o ponto final do inesquecível trajeto.

Conhecida como A Cidade da Música devido aos seus famosos festivais de música clássica nos jardins voltados para o mar da Villa Rufolo, Ravello goza do privilégio de estar situada bem no topo de uma montanha, tendo a deslumbrante vista do mar Tirreno de um lado e o belíssimo Vale do Dragão, com suas vinhas e olivais, do outro. Não é para menos que Richard Wagner se inspirou em Ravello para compor grande parte de sua obra Parsifal... Nada bobo!

Mais 20 minutos de caminhada e chega-se à linda Villa Cimbrone, mansão de nobres com obras de arte nas paredes e estátuas de deuses da Antiguidade nos jardins. Tudo debruçado, a centenas de metros de altura, sobre o azul intenso do Mediterrâneo. Foi lá que Greta Garbo viveu seu romance - na época secreto - com Leopold Stokowsky.

 

SALERNO

Já em Salerno, as histórias não são tão românticas assim. Devido a sua localização estratégica, a cidade sofreu vários bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, quando as Forças Aliadas desembarcaram em sua encosta, no ano de 1943, com o objetivo de salvar a Itália do fascismo de Mussolini.

Até os pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira) participaram da empreitada, que transformou Salerno na sede do novo governo por alguns meses, após a queda do líder fascista.

Séculos antes, a cidade já havia sido palco do momento de maior importância de sua história no século 12, quando os normandos a transformaram em sede de ducado.

Hoje, os únicos que a invadem são os turistas, ávidos por visitar o museu arqueológico, o calçadão que une a parte velha à nova, as ruínas do castelo de Arechi e, principalmente a catedral de Salerno, do século 11, famosa por abrigar o túmulo do papa Gregório VII e algumas relíquias do apóstolo evangelista São Mateus, patrono da cidade. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;