O fim da crise hídrica em São Paulo, como adianta o presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Jerson Kelman, com exclusividade a este Diário, é fato alvissareiro, mas que precisa ser consumido com extrema moderação por todos aqueles que moram no Grande ABC.

O executivo baseia a informação em relatório que dá conta de 1 bilhão de metros cúbicos de água armazenado, o que equivale a 56% do volume total que poderia estar à disposição da população.

Quantidade imensamente superior àquela que se vislumbrava no auge da falta d’água, quando os reservatórios – sobretudo o Sistema Cantareira, que por aqui abastece São Caetano – estavam visivelmente secos e revelavam-se em imagens que em nada lembravam o volume abundante de outros tempos. Com o azul sendo substituído pelo marrom da terra seca e esturricada.

A superação da crise, segundo o executivo, deve-se à conjunção de alguns fatores. À chuva, em abundância desde o início do ano, às obras realizadas para interligar os sistemas e, principalmente, à conscientização das pessoas, que mudaram hábitos e adotaram medidas necessárias para evitar o desperdício do líquido que é vital para a vida de todas as espécies. 

Kelman destaca que atualmente o consumo é 25% menor que o registrado em tempos pré-crise. Ou seja, as pessoas forçosamente se condicionaram a realizar suas atividades diárias com o uso de menor quantidade de água.

Os mais antigos falam que os ensinamentos são transmitidos pelo amor ou pela dor. Vivemos momentos de extrema preocupação desde o início da crise hídrica e, ao que tudo indica, superamos. Que os recentes percalços sirvam de aprendizado para os consumidores em geral e também para aqueles que têm como função gerir os recursos naturais. Na entrevista, Kelman diz que em caso de seca pontual e semelhante à que ocorreu em 2014, a Sabesp está preparada para enfrentar. Esperamos não precisar conferir.