Economia Titulo Análise
Educação profissional tem desafios na região

Na maioria das vezes, cursos são repetidos e não atendem à real necessidade das empresas

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
04/03/2016 | 07:18
Compartilhar notícia


Ao desacelerar, o cenário econômico deixa a educação profissional em segundo plano. Porém, esse é um elemento fundamental, visto que o mercado de trabalho está cada dia mais competitivo, e a situação fica mais delicada para quem está à procura de oportunidade e não encontra qualificação que incremente seu conhecimento, tendo, na maioria das vezes, apenas cursos básicos e introdutórios à disposição. Mesmo para aqueles que possuem pouca ou nenhuma experiência, faltam chances devido à maior necessidade, por parte das empresas, de funcionários com mais conhecimento.

Diante desse quadro, o segundo dia do seminário Educação e Trabalho: Uma Articulação Possível, organizado pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, apresentou o Guia da Educação Profissional e Tecnológica do Grande ABC 2016.

Produzido no segundo semestre de 2015, o material tem como objetivo analisar as ofertas de qualificação profissional que o Grande ABC apresenta nos três níveis de formações e as demandas, de fato. Foram identificados 1.128 cursos profissionalizantes, sendo que a maior parte, 989, é de FIC (Formação Inicial e Continuada), ministrada em 122 escolas da região, sendo 14% públicas. Considerando o Ensino Técnica de Nível Médio, há 81 cursos em 65 escolas, sendo 13% públicas. Na graduação e pós-graduação, existem 58 cursos, em 34 escolas, 14% delas públicas. “Esse produto está longe de ser acabado, a ideia é que consigamos adaptar a oferta conforme o cenário”, avalia Jerônimo de Almeida, coordenador de qualificação profissional da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC.

Por se tratar de ensino voltado à formação de trabalhadores e à elevação de escolaridade, cursos de FIC têm tido procura cada vez mais crescente para os estudos. Segundo pesquisas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), até 2014 a procura cresceu em até 90%, também por ter menor carga horária. A modalidade mais procurada é a de Gestão e Negócios (26,7%). Segundo Aguinaldo Nogueira, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, por um lado as pessoas entre 18 a 24 anos necessitam de maior qualificação para iniciar seu desempenho profissional e, por outro, pessoas mais experientes, apesar da bagagem educacional mais ampla, também necessitam de Educação continuada. “De 2013 para cá, esses jovens têm tido maior nível de escolaridade do que os cargos que ocupam. E é válido lembrar que as empresas contratam quem possui experiência, e não apenas o diploma.”

Para Gilberto Alvarez, diretor da Escola do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Cursinho da Poli, a necessidade de trabalhadores com mais experiência dividirem a sala de aula com alunos iniciantes requer aprendizado com maior bagagem de informações. “A formação teórica tende a caminhar lado a lado com a prática.”

Por outro lado, o alto volume de escolas ainda não atende a demanda de pessoas que querem ingressar em curso para complementar seu currículo e, para isso, é necessário expandir opções tanto para iniciantes quanto para quem já é mais experiente. “Além do grande número de instituições, encontramos forte repetição de cursos. Todas as cidades têm demanda intensa de serviços, mas, para isso, é necessária melhor distribuição da oferta com as políticas públicas”, diz Jerônimo. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;