Economia Titulo No Grande ABC
Crise afeta mais as mulheres no mercado de trabalho

Com maior queda nos ganhos do homem, cai diferença entre rendimentos deles e delas

Marina Teodoro
Do Diário do Grande ABC
04/03/2016 | 07:15
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A crise econômica atinge muito mais as mulheres do que os homens quando o assunto é emprego na região. De acordo com a PED ABC (Pesquisa de Emprego e Desemprego no Grande ABC), divulgada ontem pelo Seade e Dieese, a presença feminina no mercado de trabalho diminuiu no ano passado, e em ritmo mais intenso do que a masculina.

Essa queda interrompeu ritmo de três anos seguidos de crescimento da participação das mulheres nas estatísticas de emprego. Em 2014, do total de moradoras do sexo feminino nas sete cidades com 10 anos ou mais empregadas ou em busca de ocupação atingia 54,4%. No ano passado, esse percentual recuou para 53,2%. No mesmo comparativo, a presença de representantes do sexo masculino no mercado de trabalho teve leve aumento. Em 2014, eram 69,8% do total e, no ano passado, foi a 69,9%.

Para a técnica da Fundação Seade Márcia Halben Guerra, a diminuição da participação delas na PEA (População Economicamente Ativa) do Grande ABC se deve ao fato de os patrões, na hora de dispensar mão de obra, optarem pelas mulheres, o que pode ser notado principalmente nas montadoras e em outras indústrias da região. “Em tempos de crise, quem tem os menores salários são sempre os primeiros a serem demitidos. Por isso, as mulheres acabam sendo mais atingidas”.

Além disso, por serem consideradas cônjuges, e não chefes de família, as mulheres encabeçam a preferência das empresas na hora da demissão, já que, ao saírem do mercado de trabalho, muitas vezes acabam não voltando. “Por uma questão cultural, as tarefas de casa e os filhos acabam sendo responsabilidade da mulher, o que atrapalha na retomada da atividade profissional”, analisa a coordenadora do Grupo de Trabalho Gênero do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Maria Socorro Pereira Miranda.

RENDA - Os rendimentos das trabalhadoras também diminuíram devido à situação econômica desfavorável. Elas perderam 3,5% em um ano, e em 2015 recebiam, em média, R$ 11 por hora. Já os homens ganharam R$ 13,97 por hora, o que representou queda de 7,7% nos salários.

Embora a diferença entre os salários de homens e mulheres tenha ficado menor, isso não significa que elas começaram a ganhar mais. “O que acontece é que a renda masculina diminuiu muito devido às perdas nos setores onde eles são maioria, o que os deixou mais próximos. Mas não significa que é uma boa notícia”, ressalta a representante da Seade.

Em 2014, o valor recebido pelas mulheres equivalia a 75,3% daquele auferido aos homens. No último ano, essa desigualdade diminuiu, e o percentual subiu para 78,7%. “Essa discrepância já foi maior. Há dez anos, as mulheres recebiam 66,5% da média de horas do homem”, afirma Márcia. O rendimento médio mensal dos ocupados na região é de R$ 1.789 para mulheres e R$ 2.512 para homens. A diferença de R$ 723 pode ser explicada pela jornada semanal que, de acordo com a pesquisa, é maior entre os trabalhadores do sexo masculino (42 horas) que do feminino (38 horas).

Desemprego feminino cai em dez anos

Com o aumento da presença da mulher no mercado de trabalho nos últimos dez anos, a queda no desemprego entre as representantes do sexo feminino foi muito mais intensa que entre os profissionais do sexo masculino. Em 2005, a pesquisa do Seade e Dieese apontava que 19,7% da PEA (População Economicamente Ativa) feminina estava desocupada. No ano passado, esse percentual era de 13,3%. Queda de 6,4 pontos percentuais.

Apesar da queda nos últimos anos, em 2015 houve incremento de 1,8 ponto percentual, sendo que em 2014 a taxa de desemprego feminino era de 11,5%. No caso dos homens, porém, embora a taxa tenho crescido em 1,9 ponto percentual, encerrou o ano passado em 11,8%, destaca Márcia Halben Guerra, técnica da Fundação Seade. Em 2005, a taxa era de 13,1%.

Conforme o levantamento, considerando 100% da PEA, 46,2% eram mulheres, empregadas ou em busca de ocupação, sendo a maioria das desempregadas jovens entre 16 e 24 anos (41,8%), seguidas pelas de 25 a 39 anos (34%). 




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