As centrais sindicais Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) reclamaram nesta sexta-feira, em nota à imprensa, das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a reforma trabalhista. Na quinta, Lula afirmou que as férias de 30 dias são a única coisa inegociável nos direitos dos trabalhadores e causou polêmica.

Para as centrais, as palavras do presidente “sobre flexibilização da legislação trabalhista, principalmente num momento de reduzida atividade econômica, alto desemprego e queda de renda, não só são inoportunas e inadequadas, como podem comprometer os avanços obtidos, até agora, nos acordos para a reforma sindical”. Se dizendo preocupadas com a fala de Lula, as centrais lembraram que o tema está sendo discutido por trabalhadores e empresários no Fórum Nacional do Trabalho, por isso não deveria receber interferência do presidente.

Desculpas- O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (‘Paulinho’), pediu nesta sexta que Lula se desculpe pelos comentários. “A proposta do presidente significaria tirar os principais direitos do trabalhador, o 13º salário, aviso prévio. Segundo o presidente, as férias de 30 dias seriam a única coisa inegociável, o que nos dá a entender que as multas de demissão seriam negociáveis, assim como o pagamento de um terço do salário antes das férias. Nunca imaginávamos que um presidente que foi sindicalista pudesse fazer uma proposta dessas”, reclamou em entrevista à Rádio CBN.

Para Paulinho, o presidente deveria ter “humildade” para se desculpar pelas declarações. O pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PDT afirmou que a reforma trabalhista “deveria ser feita com uma discussão ampla da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), para discutir o que hoje prejudica os trabalhadores. Aquilo que garante os direitos seriam mantidos”.

Segundo o sindicalista, “nem o governo Fernando Henrique tentou fazer o que o Lula está querendo”.