Esportes Titulo
Desesperado, Corinthians faz jogo da morte contra rebaixamento
Anderson Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
13/03/2004 | 17:50
Compartilhar notícia


“Certa noite, eu caminhava por uma via, a cidade de um lado e o fiorde embaixo (buraco estreito e profundo entre as montanhas). Sentia-me cansado...Senti um grito passar. Pareceu-me ter ouvido um grito. Pintei esse quadro”. Certamente, o pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) não torcia para o Corinthians e muito menos era apaixonado por futebol. Mas seu depoimento ao pintar o quadro O Grito (1893) demonstrava um homem à beira de um colapso nervoso – o que realmente aconteceu. Uma imagem de solidão, angústia e desespero, similar ao atual momento vivido pelos torcedores corintianos, que podem ver hoje o seu time (Sport Clube Corinthians Paulista, de 1910) cair num abismo, a segunda divisão do Paulista.

Seja qual for o resultado, a partida da tarde deste domingo (às 16h, com Sportv), no Pacaembu, contra a Portuguesa Santista, já entrou para a história. Embora pareça improvável, o Corinthians corre, sim, risco de ser rebaixado. A situação é simples. O time é o nono colocado do Grupo 1. Em oito jogos, conquistou oito pontos, um a menos do que o Atlético de Sorocaba (oitavo) e dois à frente do Juventus (lanterna). Assim, se vencer a Santista, livra-se desse pesadelo. Se empatar, torce para que o Juventus não vença o São Paulo ou que Lusa ou Sorocaba também percam. Na hipótese de uma derrota, reza para que o Juventus não vá além de um empate com o Tricolor.

Durante a semana, jogadores, dirigentes e integrantes da comissão técnica rechaçaram o rótulo de Jogo da Morte. A justificativa é de que o time só depende de si para continuar na elite do Estadual. Porém, as ações provaram que as palavras só serviam para esconder o clima inseguro que cercou o Parque São Jorge durante a semana.

Enquanto o goleiro Fábio Costa tumultuava o treino ao brigar com a torcida, com o preparador Solitinho e atirar seu carro contra jornalistas, a diretoria buscava formas de incentivar os torcedores a ir ao estádio. Tentou baixar o preço dos ingressos, mas esbarrou na FPF (Federação Paulista de Futebol), que impediu a iniciativa. O jeito foi apelar para um dos patrocinadores. A idéia de trocar latinhas de refrigerante por bilhetes provocou conflitos.

Estratégia – Para evitar o maior vexame da história alvinegra, o técnico Oswaldo de Oliveira optou por manter Rincón no meio. O colombiano será o responsável pela armação das jogadas ao lado de Rodrigo, que volta à equipe após se recuperar de estiramento na coxa. Outra estratégia do treinador foi evitar comentários sobre a delicada situação. “Dependemos apenas de nós. Por isso, não vou ficar preocupado com o resultado desse ou daquele jogo”, afirmou. Mas a pergunta é inevitável: E se o Corinthians cair? “Bom, o esporte é isso mesmo. Uma hora a gente vence, na outra perde. Se for rebaixado, o negócio é encarar com naturalidade e tocar o trabalho”.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;