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Obra reduzirá efeitos de colapso, diz Ozires
Chico Capela
Especial para o Diário
26/06/1999 | 20:04
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O Grande ABC está em uma posiçao estratégica para receber e distribuir energia, podendo até minimizar os efeitos de um colapso no sistema elétrico do Estado. A opiniao é do ex-ministro da Infra-Estrutura Ozires Silva, 68 anos, um dos principais idealizadores do projeto de construçao do complexo termelétrico da regiao.

Batizado de UTE (Unidade Termelétrica), o projeto envolve investimentos da ordem de US$ 1 bilhao. Segundo Ozires, este valor poderá chegar a US$ 1,7 bilhao se for mais sofisticado, passando de uma unidade direta para a de ciclo combinado, uma técnica mais elaborada de produçao de eletricidade. "Estamos tentando responder a uma demanda do governo federal e do Ministério das Minas e Energia, que têm solicitado um investimento pesado na área de geraçao de energia elétrica para evitar que o país corra o risco de ficar no escuro", explicou Ozires Silva.

Segundo ele, o Brasil só nao enfrentou um colapso no setor elétrico até o momento porque parou de crescer na década de 80. "A recessao adiou a crise de energia", disse. Ozires afirmou que, se o Brasil voltar a crescer a uma taxa de 4% a 5% ao ano, a demanda atual de energia nao será suficiente, até porque, segundo ele, o Estado de Sao Paulo já nao tem mais potencial hidráulico disponível para construçao de hidrelétricas de grande capacidade e está pagando um preço muito alto pela energia.

Com uma nova termelétrica, Sao Paulo poderia até deixar de importar energia. "Atualmente, a energia elétrica que mais facilmente se pode obter é por meio da construçao de termelétricas, como desejamos para o Grande ABC, que está em uma posiçao bastante estratégica. A regiao poderá receber o gás natural da Bolívia e por outro lado tem a produçao do gás na Bacia de Campos. O Grande ABC tem tudo para abrigar uma unidade térmica de geraçao de eletricidade e dar uma grande contribuiçao nesse setor ao Brasil", afirmou Ozires.

Com um estilo pé no chao, ele explicou que, antes da execuçao do projeto para a construçao da termelétrica na regiao, é preciso responder a duas perguntas: quem vai comprar a energia e se há gás disponível para uma usina deste tamanho. Na próxima segunda-feira, antes da reuniao em Sao Bernardo, Ozires espera ter a resposta sobre a capacidade geradora de gás da Bolívia para fazer os cálculos.

As outras opçoes sao o fornecimento de gás pela Comgás ou aquele que virá da Argentina. Outro tema a ser discutido nesta reuniao é sobre quem fará a distribuiçao da energia. A legislaçao brasileira permite a produçao independente de energia, mas sua distribuiçao deve ser feita pelas empresas oficiais, como a Eletropaulo e a Metropolitana

A construçao de uma termelétrica, além de ser bem mais rápida do que a de uma hidrelétrica, custa a metade do valor. A geraçao de energia pode ser colocada onde está o consumo, nao dependendo de uma localizaçao próxima dos recursos naturais, como as cachoeiras. Em três anos no máximo é possível colocá-la em funcionamento, enquanto uma hidrelétrica pode demorar até dez para ser construída, um prazo considerado longo para resolver o problema da demanda de energia caso o país volte a crescer. "Se o Brasil retomar seu crescimento, toda a infra-estrutura vai ficar sob pressao, em particular o suprimento de energia elétrica, que poderá entrar em uma crise quase imediata", adverte Ozires.




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