O incêndio logo devastou o que era concreto e abstrato. "Foi um sinal: ‘este não é o seu caminho'. Quatro meses de trabalho em vão", recorda o escritor Marco Antonio Palermo Moretto de uma frustração enquanto era ator.

O episódio de 1984, possível resultado de um curto-circuito, lembra cena de filme hollywoodiano. O palco foi o Teatro da PUC de São Paulo, onde a companhia Os Corujinhas havia acabado de exibir montagem para cerca de 1.000 crianças.

Esta é somente uma das experiências que o hoje professor universitário compartilha no livro Fazer Teatro Não É Um Bicho-de-Sete-Cabeças (Ciência Moderna, 104 págs., R$ 22) que tem lançamento com autógrafos amanhã, às 16h30, no Pacobello Café (Rua Dona Elisa Fláquer, 112. Tel.: 2896-6899). em Santo André.

Indicado para quem busca primeira leitura sobre o assunto ou abordagem menos complicada, o livro mostra as várias etapas do fazer artístico, da escolha do tema até a apresentação do espetáculo.

O encanto pela arte se faz presente em toda a obra. Tal fascínio logo é justificado: "Ver uma peça é uma viagem que você faz. No apagar das luzes, sentado em uma poltrona, surge a impressão de que o mundo real está fora e não vai entrar", diz o autor.

Mecanismos são estimulados. "Você precisa da imaginação para visualizar a história. O ator passa a ser seu cúmplice como se lhe contasse um segredo", analisa Moretto. E completa: "O teatro é muito verdadeiro. Quem está no palco se emociona e transmite a mensagem".

O autor possui experiências em escrever, atuar e dirigir. "Escrever é um ato solitário que requer concentração. Já atuar é um trabalho de equipe. Todos juntos em prol de um objetivo: exibir uma peça boa".

Coleção - O título é o mais recente da série Não É Um Bicho-de-Sete-Cabeças, idealizada e coordenada pelo professor universitário Sérgio Simka, que leciona na Firp (Faculdades Integradas de Ribeirão Pires) e na UniABC (Universidade do Grande ABC).

De 2008 para cá, sete obras foram lançadas. Entre os temas, redação criativa e crase. A ordem é ser claro. "Professores universitários têm um discurso afinado do ponto de vista acadêmico. Poucos entendem. A ideia desmistificar assuntos por meio de uma linguagem que todo mundo entenda", explica Simka.