É lamentável a tentativa da secretária de Saúde de São Bernardo, Odete Gialdi, de manter escondido da opinião pública o resultado da sindicância aberta pela Prefeitura para apurar o que aconteceu no mutirão da catarata, realizado em 30 de janeiro, que deixou 21 pacientes contaminados pela bactéria Pseudomonas aeruginosa e 18 cegos do olho que recebeu o procedimento. A transparência total do caso é, mais do que obrigação da administração municipal, uma questão de respeito aos idosos que se submeterem a procedimento irresponsável custeado pelos cofres são-bernardenses.

O comportamento da secretária em reunião realizada ontem com conselheiros de Saúde deveria merecer a imediata repreensão do prefeito Luiz Marinho (PT). O governo não deve agir para acobertar culpados, como faz Odete, inclusive dizendo acreditar que o pedido de CPI que tramita na Câmara “não vai dar em nada”. Pelo contrário. Integrantes do Paço deveriam ser os primeiros a exigir publicidade total das investigações, de modo a não deixar transparecer a impressão de que têm algo a temer.

Com 18 pacientes cegos, um deles se recuperando de acidente vascular cerebral, que pode ter sido causado pela complicação na operação do olho, a secretária de Saúde deveria ser mais cuidadosa na abordagem do assunto. Em vez de agir para preservar a imagem do governo ao qual serve, Odete Gialdi poderia se esforçar para dar respostas aos pacientes prejudicados e às famílias. Porém, a Prefeitura ainda não sabe o que ocorreu naquele fatídico 30 de janeiro.

A esperança do são-bernardense por explicações reside no Ministério Público, já que os vereadores, ao que parece, estão sem entusiasmo algum para instaurar a CPI que poderia dar respostas claras à sociedade. Os promotores, que já acompanham o caso, devem fazer o papel que caberia ao Legislativo e exigir transparência para que nenhum responsável pelo malfadado mutirão de catarata realizado no Hospital de Clínicas fique impune. E, para isso, o melhor caminho é jogar luz pelo caminho.