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Índice de vendas da construção cai, mas setor acredita em melhora
Fabiana Cotrim
Do Diário do Grande ABC
18/10/2003 | 20:22
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Um dos setores que primeiro sentem o desaquecimento da economia é o de construção civil. No Estado de São Paulo em agosto, último dado do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo), o índice de velocidade de vendas dos setor foi de 6,25%. Isto significada que de cada 100 unidades colocadas a venda no mês, apenas 6,25 foram vendidas. O índice considerado normal é de 11% ou 12%, segundo Ricardo Di Folco, presidente da regional ABC do Sinduscon e diretor da Construtora Di Folco, de São Bernardo. Para diretores de algumas construtoras da região, a classe média foi a mais afetada com a crise e os imóveis voltados para o segmento levaram mais tempo para ser vendidos. Já os imóveis destinados às classes baixa e alta tiveram uma crise menor e suas vendas não foram tão prejudicadas.

Para este ano, as perspectivas do Sinduscon são de que o produto da construção civil pode cair 7,9%. A previsão, que era de queda de 4,5%, foi revista segundo a última amostragem de produção física de materiais de construção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Se confirmada a queda, será a mais alta desde 1990, quando o IBGE alterou a metodologia de cálculo do PIB. Até agora, a maior baixa havia sido em 1992, quando a construção civil registrou retração de 6,3%.

“A tendência pode ser explicada pela retração das atividades, queda de renda, pelos cortes de investimentos e pelos juros altos”, disse o vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan. Segundo a entidade, o quadro poderá ser revertido com uma política habitacional consistente, que estimule o setor e o faça exercer seu papel de motor de desenvolvimento do país.

“As vendas começaram a recuar com as perspectivas da eleições presidenciais em 2002 e até agora não se recuperaram. As empresas estavam inseguras quanto ao novo governo e a população com medo do desemprego”, disse Di Folco. Mas, segundo ele, apesar de ainda não ter os números fechados em setembro, o setor começou a apresentar alguma melhora no período e as expectativas quanto ao resto do ano são positivas.

Para o diretor comercial da Aparecido Viana Imóveis, de Santo André, André Luís de Souza, houve um aquecimento a partir de setembro. “Tivemos um volume maior de visitas e geração em volumes expressivos, na comparação com o que vinha ocorrendo, de vendas muito baixas.”

Souza destaca que em 2003 a empresa lançou só nove empreendimentos, mas no próximo ano a meta será de 21, volume considerado por ele normal para um ano. “Costumamos vender em 45 dias de 40% a 50% de um lançamento. Em 180 dias, as vendas chegam a 70% das unidades e o restante é comercializado durante a construção do empreendimento. Neste ano, houve obra em que em 180 dias apenas 40% das unidades foram comercializadas”, disse Souza.

Contramão – Se a velocidade de venda do setor está abaixo das expectativas, a Sammarone Construtora, de São Bernardo, pode dizer que está na contramão do mercado. Segundo o gerente de vendas, José Carlos Lupianhes, a empresa tem conseguido vender quase que a totalidade de seus lançamentos em seis meses.

Segundo Lupianhes, o empreendimento Cittá di Roma, com 120 unidades, foi comercializado em 180 dias. Para ele, a empresa conta com diferenciais, além de preferir locais próximos ao Centro da cidade ou de fácil acesso pelos compradores. Para este ano, disse, a construtora ainda deve lançar outros dois empreendimentos, apostando na classe média.




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