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Estudo mostra contaminaçao de águas subterrâneas
Do Diário do Grande ABC
24/05/2000 | 17:45
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As águas subterrâneas sao consideradas menos vulneráveis à poluiçao que atinge os recursos hídricos superficiais. As diversas camadas de solo normalmente funcionam como filtros naturais, retendo os poluentes. Ou deveriam funcionar, se nao houvesse interferência humana. Uma pesquisa feita em uma área de 220 mil metros quadrados, em Presidente Prudente, interior paulista, mostrou que mesmo a poluiçao química que o solo poderia filtrar chega até os aqüíferos subterrâneos, através de "atalhos" construídos pelo homem (fossas, poços abandonados e perfuraçoes, feitas sem acompanhamento técnico adequado) ou mesmo por raízes profundas de árvores.

A pesquisa durou três anos e resultou na tese de doutorado do geólogo Manoel Carlos Toledo Franco de Godoy, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus Presidente Prudente. Com financiamento de US$ 25 mil da Fundaçao de Amparo à Pesquisa do Estado de Sao Paulo (Fapesp), Godoy fez análises químicas da água em diversos pontos do reservatório subterrâneo e constatou altos níveis de nitratos, cloro e sódio.

Os nitratos sao provenientes de esgotos, fossas e do chorume de lixo doméstico, que também contém substâncias tóxicas. Os níveis de nitratos encontrados sao muito superiores ao máximo permitido para a água ser considerada potável. O sódio e o cloro sao substâncias utilizadas no tratamento da água e derivam de acidentes, como rompimento de coletores de esgotos.

"A poluiçao química é mais complexa do que a biológica, porque nao há como extrair, por exemplo, os nitratos da água", explica Godoy. "As açoes devem, entao, ser preventivas: controle da disposiçao de rejeitos, perfuraçao de poços apenas com projetos técnicos adequados e formulaçao de uma política para a gestao correta das águas subterrâneas".

O reservatório subterrâneo da regiao de Presidente Prudente tem 104 mil quilômetros quadrados e fica em solos da chamada Formaçao Bauru. A água está relativamente rasa e pode ser alcançada em poços de 10 a 20 metros de profundidade. Com o preço elevado das tarifas de água e esgoto, é cada vez maior o número de poços perfurados sem critério, que poem em risco a qualidade da água de todo o aqüífero.

Na opiniao de Godoy, os poços tubulares, com revestimento nas paredes, poderiam diminuir o problema. Ele sugere ainda um cadastramento de todos os poços, sobretudo na área rural, onde ainda funcionam muitas fossas sépticas e há possibilidade de contaminaçao nas proximidades de chiqueiros, currais ou mesmo pela adubaçao com esterco animal.




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