A relação entre homem e automóvel é muito estranha. Inexplicável. Existem aqueles que não conseguem sequer dirigir, com medo de não dominar a máquina. Outros preferem manter uma proximidade estritamente profissional, utilizando o veículo como simples meio de transporte. No entanto, há aqueles malucos - no bom sentido - que elevam a afinidade com os carros a patamares inimagináveis de pura paixão.
No Grande ABC não faltam destes aficionados por carros, principalmente aqueles doidos - novamente no bom sentido - pelos antigos. Nos encontros que ocorrem frequentemente pela região é possível encontrá-los conversando sobre tudo. Tudo, claro, que envolva gasolina, pistões, pneus...
Dois destes loucos são Sérgio Lukosiunas e Danilo Eduardo Sanchez. Ambos, por coincidência, possuem um Dodge Charger. Lukosiunas cultiva um Dojão ano 1972 que nunca foi restaurado. Sanchez, por sua vez, tem um impecável R/T ano 1977 completamente restaurado, com 93% de originalidade.
E como respeitamos os mais velhos, vamos começar contando a história do Charger de Lukosiunas.
CHARGER 72 - Antes de contarmos os causos, devemos revelar: Sérgio Lukosiunas já teve mais de 80 Dodges - isso mesmo, 80! Sua paixão pelos muscle car, como o Charger, teve início na infância, quando morava no Parque São Lucas, em São Paulo. Os sentimentos afloraram ainda mais no momento em que teve o prazer de passear em um modelo, em 1984. "Foi realmente amor à primeira andada, como diz o pessoal", brinca.
Especificamente sobre seu Charger 72 - cor original verde Igarapé - , Lukosiunas conta que o comprou em 1998. "O primeiro dono foi um senhor de Araraquara (SP), que passou o carro para o filho. Depois ele foi vendido para um colecionador e na sequência para um amigo meu", conta.
"E depois de namorar um ano esse carro, acabei comprando", completa o proprietário. lembrando a luta que foi para conseguir o recibo da caranga. "Fiquei ligando seis meses para Araraquara".
Muito bem conservado, já que não passou por nenhum processo de restauração - 85% da pintura é original -, o Charger 72 é alvo de constante cobiça. "No ano passado, na Praia Grande (SP), fui parado por um homem que tinha uma Ferrari. Ele perguntou quanto eu queria pelo Dodge, mas eu não o vendi", lembra Lukosiunas, que não descarta a hipótese de alcançar os 100 Dodges.
CHARGER R/T 77 - Danilo Eduardo Sanchez é outro destes loucos. E sua doença pelos carros antigos começou em casa, com o pai, senhor João, que desde jovem sonhava em ter um Charger R/T 1975, amarelo.
Quando cresceu e pegou realmente vício pelo negócio, Sanchez, juntamente com o pai, foram atrás de um Dojão. E encontraram um R/T 77 laranja na garagem de Sérgio Lukosiunas. "Esse carro não era para ser nosso. A gente só queria tirar as medidas para saber se caberia um em nossa garagem", conta.
Mas antes de chegar nas mãos da família de Santo André, o Charger rodou bastante. "Ele foi comprado por um chileno em Jundiaí (SP) e só foi usado para ir e voltar quatro vezes ao Chile. Em 1985 foi repassado para um homem em São Bernardo, que utilizava o carro para puxar trailer. Por fim, foi negociado com um rapaz de Interlagos e em 2005 parou nas mãos do Sérgio".
Sanchez, juntamente com o pai, restaurou o carro inteiro. Tudo foi refeito até chegar ao visual de hoje.
No entanto, a vida ao lado dos Dodges não termina por aqui. A dupla pai e filho promete mais. "Agora conseguimos comprar, finalmente, um Charger R/T 1975 amarelo".
Mas a história deste Dojão a gente deixa para uma próxima oportunidade.
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