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Juros representam 29,83% dos gastos das famílias
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/09/2002 | 20:05
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As despesas com juros, feitas com as compras financiadas, a utilização do cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, são o principal item na composição de gastos das famílias, ao representar na média 29,83% da fatia do orçamento doméstico. Supera gastos com habitação (24,61%) e alimentação (22,82%), que vêm a seguir entre os principais da população.

Os dados são de pesquisa realizada neste ano pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que apontou ainda um crescimento de 9,27% nos gastos financeiros, em relação ao levantamento feito pela associação em 2001. No ano passado, o item respondia por 27,3%, enquanto habitação era 24,41% e alimentação, 23,75%.

“Se as despesas com juros cresceram, inevitavelmente foi necessário cortar gastos com saúde, vestuário e recreação”, disse o coordenador do estudo, o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, que apontou o agravamento de um quadro que já era percebido antes. “Os juros altos, somados a um conjunto de fatores, representam um grande peso na composição dos gastos, e esse peso é maior nas famílias de renda mais baixa”. Em famílias com entre um e cinco salários mínimos (R$ 200 a R$ 1 mil), 35% da renda é comprometida com os juros, pelo levantamento.

Outra pesquisa da Anefac mostra que as taxas de financiamento para a pessoa física atingiram em agosto as piores condições dos últimos 12 meses, chegando a 8,14% ao mês. Somado às elevação das taxas, outro fator que pesou para o maior gasto financeiro, segundo Oliveira, foi a queda na renda do consumidor.

De acordo com o IBGE, no primeiro semestre de 2002, o rendimento médio dos trabalhadores ficou 4,3% inferior ao do mesmo período de 2001. “A perda de renda é compensada com empréstimos”, afirmou.

Outros motivos considerados são o desemprego, que significa redução do rendimento familiar, e a má utilização do crédito, pela qual a pessoa só olha o valor da prestação e incorpora os limites do cheque à renda. “Quem compra a prazo quase nunca sabe a taxa de juros que entrou na prestação”, disse. Com isso, a inadimplência é alta.

Pelo Serasa, na média dos primeiros sete meses registrou-se aumento de 13,4% no volume de cheques devolvidos na comparação com o ano passado.




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