Milhares de fiéis participaram domingo, ao longo do dia, das celebrações em homenagem ao papa João Paulo II nas paróquias do Grande ABC. Nem o forte calor da noite impediu que fiéis lotassem a missa das 19h na Catedral do Carmo, em Santo André, inclusive os corredores laterais,. Muitos ficaram do lado de fora da igreja. A cerimônia celebrada pelo bispo da Diocese da cidade, Dom Nelson Westrupp foi marcada por muita emoção e reconhecimento ao trabalho do sumo pontífice da Igreja Católica. “Esta noite tem o objetivo de celebrar a eucaristia em sufrágio à morte de nosso querido papa João Paulo II. Temos certeza de que a misericórdia de Deus acolheu o papa porque ele foi um exemplo grandioso de fé”.

Com quase uma hora e meia de duração, a celebração convocou os fiéis a continuar rezando pelo pontífice. Durante a cerimônia, Dom Nelson citou trechos do discurso escrito por João Paulo II e que deveria ser lido nesta segunda-feira, Domingo da Divina Misericórdia, data que simboliza a ressurreição para a Igreja Católica. “Às vezes a humanidade parece perdida, dominada pelo mal, mas o Senhor ressuscitado oferece seu amor que perdoa e reconcilia”, dizia o texto.

O professor de Educação Física Rogilson Lima Santos, 38 anos, orou diante do quadro de João Paulo II colocado no altar. “A Igreja e nós ficamos sem referencial. Sinto como se tivesse ficado órfão de pai e de mãe”, disse Santos, que comemorou seu aniversário no sábado, dia da morte do papa. “Eu até tinha pedido sua recuperação como um presente.”

Na Matriz de Santo André, o padre Ângelo Cerântola classificou João Paulo II como “grande evangelizador, um missionário que atuou em todas as partes do mundo, em todas as línguas dos povos”. Durante a cerimônia que reuniu cerca de 200 pessoas, o sacerdote pediu que todos os fiéis rezassem para “Deus iluminar os cardeais na escolha do novo pontífice”.

Movimento – Cerca de 400 pessoas compareceram à Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo, na missa das 10h30. Em São Caetano, mais de 250 fiéis encheram a Matriz da Sagrada Família, no Centro. “Todo domingo venho à missa das 10h, e hoje a igreja está mais cheia, sim”, observou o comerciante aposentado Carlos Dornelas de Matos, 63 anos, de São Bernardo. Enquanto os párocos davam curso às orações, católicos depositavam velas acesas em oratórios nos cantos das igrejas e rezavam pela alma do papa. Todas as missas desta semana serão dedicadas ao pontífice morto no sábado.

Diante da comoção, o padre José Antônio Mainardi, da matriz de São Caetano, manteve uma visão realista sobre o papa João Paulo II. “Se ele foi conservador com a fé, foi liberal no aspecto social e se tornou importante para o mundo todo”, comentou.

As vendas da livraria da matriz de São Bernardo aumentaram na semana passada, enquanto o papa permanecia internado. Todo o estoque de livros e artigos assinados por João Paulo II foi vendido nos últimos dias. Domingo, não havia sequer uma gravura do papa na livraria.

Sucessão – Passada a agonia que antecedeu a morte do papa, a sucessão do trono de São Pedro deixa os católicos apreensivos. Este é o tema das orações da dona-de-casa Benedita Rodrigues, 70 anos, moradora do bairro Nova Gerti, em São Caetano. “Lamento não ter visto o papa em 1980 (na visita ao Brasil). Deus vai iluminar o próximo papa para que seja tão bom quanto João Paulo II. “A dentista Deise de Siena, 52 anos, de Santo André, pede que o sucessor tenha o mesmo perfil. “Sofri muito porque João Paulo II foi uma pessoa abençoada, por isso precisamos de alguém como ele, que trabalhe com muito amor”.