Pelo menos 175 pessoas morreram e 889 ficaram feridas em um incêndio na boate República Cromagnon em Buenos Aires, capital da Argentina, na madrugada desta sexta-feira. Cerca de 2 mil jovens assistiam a um show de rock do grupo Los Callejeros quando fogos de artifício foram lançados contra a cobertura de lona do local, dando início ao fogo.

A tragédia, ocorrida no bairro comercial Once, é uma das piores da história argentina. De acordo com o ministro do Interior, Aníbal Fernández, o público do show "foi condenado a uma armadilha mortal" devido às falhas na segurança. "Na teoria, a boate preenchia os requisitos necessários, mas na prática só duas portas estavam disponíveis para a saída. As outras estavam amarradas com arame. Os jovens ficaram presos em uma armadilha mortal", afirmou.

Os últimos números divulgados na manhã desta sexta-feira pelo prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, davam conta de 175 mortes e 889 feridos. No entanto, ele acredita que o saldo de vítimas fatais aumentará devido à grande quantidade de feridos em estado "muito grave". O prefeito reafirmou que as portas de emergência do local "estavam fechadas com arames e cadeados".

"Se a porta de emergência estivesse aberta, teria evitado a morte de muita gente", disse Ibarra, acrescentando que essa "foi uma decisão empresarial irresponsável tomada para evitar que as pessoas entrassem sem pagar".

O dono da boate foi identificado como Omar Chabán, que está sendo procurado pela polícia. Os feridos e mortos foram levados a nove hospitais públicos de Buenos Aires.

O diretor do hospital Ramos Mejía, Ricardo Rezzónico, informou que a maioria dos feridos apresentava um quadro de asfixia, falta de oxigênio, intoxicação por inalação de monóxido de carbono e queimaduras graves no corpo e nas vias respiratórias.

Cerca de 600 pessoas, entre médicos, paramédicos e voluntários, trabalhavam desde a madrugada na emergência, com o apoio de cerca de 40 ambulâncias.

A maior tragédia ocorrida anteriormente numa casa de show na Argentina foi em 1993, quando morreram 17 estudantes — entre eles uma grávida — e outros 24 ficaram feridos no incêndio da discoteca Kheyvis, localizada em San Isidro (periferia norte).