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Professores prevêem prova sem surpresas na Fuvest
Especial para o Diário
22/11/2005 | 08:58
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A primeira fase do vestibular da Fuvest 2006 não deve trazer grandes surpresas. Como o primeiro exame é destinado a candidatos de todas as carreiras e contempla todas as disciplinas, com 100 questões de múltipla escolha, a tendência é de uma prova sem aprofundamento das matérias. Isso não significa, no entanto, facilidade para responder às questões, pois os vestibulandos têm de estar bem preparados e traçar uma estratégia adequada para o exame. A opinião é de professores do curso pré-vestibular Singular Anglo, que analisaram os assuntos recorrentes nos últimos processos e traçaram um prognóstico sobre o que os candidatos devem enfrentar no domingo (27). O período de quatro horas para finalizar o exame pode ser um dos grandes obstáculos e, por isso, os candidatos devem evitar perder tempo em questões que julgarem difíceis. A principal dica é ler atentamente o enunciado, pois algumas respostas dependem muito mais da interpretação do texto, e responder primeiro as perguntas mais fáceis.

Na prova da Fuvest estão em jogo 10.247 vagas – 9.952 para a USP (Universidade de São Paulo), 100 para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e 195 para a Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Neste ano, 170.474 candidatos participam do processo, dos quais 10.611 são do Grande ABC. Os vestibulandos terão de responder a 100 questões: 20 de Português, 8 de Inglês e 12 de cada para História, Geografia, Física, Química e Biologia.

Os portões dos locais de prova serão abertos a partir das 12h30 e fechados às 13h. Para fazer a prova, os candidatos devem apresentar documento de identidade original e cartão de convocação, além de levar lápis e borracha. Os estudantes podem levar alimentos e bebidas para ingerir durante a prova, mas é proibido o uso de celulares, pagers, bips ou qualquer aparelho semelhante.

Português – A prova tem como objetivo avaliar a capacidade dos candidatos de leitura e entendimento de textos, literários ou não. Segundo o professor de Literatura Nelson Sartori, o exame da Fuvest costuma ter distribuição homogênea das questões sobre Literatura e Gramática. ‘‘Na parte de Literatura, as questões geralmente pedem a comparação entre as obras literárias e exigem do aluno a capacidade de transpor a leitura básica’’, avisa. Entre os autores com maior probabilidade de aparecerem na prova, inclusive na parte de Gramática, Sartori cita Guimarães Rosa e Machado de Assis. O primeiro, autor de Sagarana, um dos livros de leitura obrigatória para o vestibular, tem como característica marcante a riqueza do vocabulário e os textos costumam ser utilizados em questões referentes à morfologia das palavras. Já Machado de Assis, autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, outro livro obrigatório, é um dos autores cujos textos servem de base para questões relacionadas à sintaxe da língua. Para o professor de Gramática Ronaldo Claro, o exame, na primeira fase, é considerado de nível médio e costuma testar conhecimentos fundamentais. "O objetivo é testar a competência do aluno de manipular os recursos gramaticais em função do texto’’, explica. Segundo o professor, o conhecimento da sintaxe é importante, pois é a base para entender os efeitos semânticos que dão sentido ao texto. Para obter bom resultado é fundamental reforçar os conceitos de concordância e regência, classes gramaticais e conjugação verbal.

História – Para o professor João Bonture, a Fuvest adota um padrão conservador. Os testes abordam a matéria de maneira objetiva e as alternativas geralmente não dão margem a dúvidas. ‘‘A prova é bem distribuída quanto ao conteúdo exigido. Isso não é regra, mas, em 28 anos de vestibular, essa é a lógica que prevalece’’, afirma. Segundo o professor, as perguntas exigem do candidato uma visão geral do conteúdo e não conhecimento profundo. A divisão da prova costuma ser equilibrada entre História Geral e do Brasil. Duas perguntas costumam ser referentes ao período de Brasil República e duas sobre História Contemporânea. Um assunto recorrente na Fuvest, segundo o professor, é a Era Vargas. ‘‘Neste ano, o presidente Lula fez muita menção ao ex-presidente Juscelino Kubitschec, e talvez possa cair também alguma questão relacionada ao período em que ele governou o país’’, alerta Bonture.

Geografia – Uma prova bem elaborada e bem dosada entre questões de níveis fácil, médio e difícil, com prioridade para Geografia do Brasil. Essa tem sido a tônica da disciplina nos vestibulares da Fuvest, segundo a professora Rosemari Rodrigues. ‘‘Algumas questões são clássicas, como sobre o relevo do Estado de São Paulo’’, afirma. Os efeitos do desmatamento e a expansão do cultivo de soja no Centro-Oeste brasileiro também são temas que costumam ser abordados. Como este ano foi marcado por algumas catástrofes causadas por fenômenos naturais, é possível surgirem questões sobre esses assuntos.

Inglês – A professora Viviane Castelli Fernandes explica que interpretação de texto domina a prova e as questões podem ser resolvidas com o conhecimento do vocabulário básico. "Os alunos não devem prestar muita atenção nas palavras difíceis, porque estão lá justamente para intimidar", alerta. Segundo Viviane, a Fuvest pede duas questões relativas à gramática. ‘‘Com certeza sempre cai uma referente a conjunções’’, prevê. Outros temas ligados à gramática variam entre orações condicionais (com a utilização do ‘if’); discurso indireto (a correta utilização dos verbos ‘tell’, ‘say’ e ‘ask’); Present Perfect e voz passiva. Viviane lembra que a prova não costuma trazer ‘pegadinhas’ com falsos cognatos, palavras que enganam pela similaridade de escrita e pronúncia.

Biologia – Na opinião do professor Yuji Gombata, a primeira fase da Fuvest deve seguir o mesmo modelo de vestibulares passados. As questões costumam seguir uma distribuição com poucas alterações, a maior parte referente à Biologia Celular, Bioquímica Celular e Genética. Esses temas devem ocupar mais da metade da prova; em seguida, aparecem questões sobre Zoologia e Fisiologia Animal, com cerca de 20% da prova. O professor orienta que é importante que o candidato tenha conhecimento de temas polêmicos discutidos na mídia recentemente, como alimentos transgênicos e possíveis impactos ao meio ambiente, clonagem de plantas e animais, gripe aviária, febre maculosa e febre aftosa. ‘‘Um assunto que também deve cair no vestibular é biossegurança, cuja lei foi votada e aprovada em março pelo Congresso Nacional’’, prevê Yuji.

Matemática – A exemplo de anos anteriores, as questões da primeira fase da Fuvest não devem ser muito complexas, mas nem por isso deixarão de ser trabalhosas. "A prova é mais focada em conhecimentos gerais da disciplina, mas vai exigir certa habilidade do candidato", afirma o professor Enzo Marcon Takara. Costumeiramente, a prova traz pelo menos uma questão relacionada a logaritmo, análise combinatória, probabilidade, porcentagem, geometria plana e geometria analítica.

Física – O conjunto das questões da disciplina costuma repetir a mesma distribuição de anos anteriores, segundo o professor Jorge Calil. Metade dos exercícios propostos é sobre o ramo da Física que estuda a Mecânica e aborda cinemática, energia, quantidade de movimento, ondas, hidrostática e potência. Completam a lista eletrostática, eletrodinâmica, magnetismo, óptica geométrica e termologia, com uma questão para cada assunto. "O importante é o aluno saber que serão cobradas somente noções básicas de cada item", alerta Calil.

Química – As questões devem exigir muito mais raciocínio do que cálculo, pois muitas perguntas trarão a resposta implícita no próprio enunciado, na avaliação do professor Cláudio Ferreira. "Os professores que elaboram a prova de Química se preocupam muito com o cotidiano, com o dia-a-dia das pessoas. O professor acrescenta que, além do enunciado ajudar a resolver o problema, nos últimos anos as questões têm utilizado gráficos para serem interpretados. Quanto ao conteúdo, a tendência é abordar de forma mais intensa estequiometria (cálculo e medição de elementos químicos) e Físico-Química.




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