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De King a Obama
21/11/2009 | 07:00
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"A Saga Negra do Norte", subtítulo da exposição que o Museu Afro Brasil (tel.: 5579-0593) acaba de inaugurar dentro de sua programação do Mês da Consciência Negra, celebra como ponto máximo desse percurso histórico a eleição de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos da América. "A reverberação dessa grande novidade, ter um negro na Presidência dos EUA, bate no mundo inteiro e em quem tem a origem como a dele", diz Emanoel Araújo, diretor e curador do Afro Brasil.

Ter hoje Obama à frente da potência americana é consequência de um processo americano, mas ressaltá-lo na exposição carrega, inevitavelmente, uma mensagem para o público brasileiro, como constata Araújo: "Aqui, no momento em que se discutem políticas públicas de inclusão social, cotas de negros nas faculdades, estamos bem longe disso, porque temos resquícios ainda do Brasil colônia." É uma mostra com um mote diferente e seu viés, mais histórico/documental do que artístico, ao apresentar, com predominância, fotografias e textos.

"Eu Tenho Um Sonho: De King a Obama - A Saga Negra do Norte", no piso superior do museu e realizada a partir de parceria da instituição com o Consulado Geral dos EUA, tem dois momentos. Apesar de o título da exposição estabelecer como marcos a trajetória do ativista político e pastor assassinado Martin Luther King (1929-1968) e a de Obama, a mostra inicia seu primeiro momento em período antes da década de 1960, palco das lutas pelos direitos civis de igualdade dos negros nos EUA.

O primeiro momento se inicia no século 19, fazendo a relação entre o contexto da América do Norte e do Brasil. O segundo centra-se nas duas figuras celebradas da Saga do Norte, reforçando o vínculo entre King e Obama.

Juntam-se as duas seções, como "num abraço", instalação no auditório com projeções de edições de vídeos e filmes históricos - nesse ponto, com referência à violência sofrida pelos negros, por exemplo, no Sul dos EUA. Para reforçar ainda o caráter de reflexão, o museu realizará entre segunda e quarta-feira o seminário Inclusão e Exclusão do Negro nos EUA e no Brasil e promoverá, a partir de janeiro, festival de filmes em seu auditório.

EMANCIPAÇÃO - O marco inicial da mostra é a Proclamação de Emancipação dos Escravos da América, assinada em 1863 por Lincoln, "25 anos antes do Brasil", como ressalta Emanoel Araújo.

Destaque, ainda, para as 19 imagens feitas por Pierre Verger em Nova York e New Orleans nos anos 30, relacionando o efeito da recessão americana com a leveza de flagrantes. Depois, do outro lado da mostra, tudo se refere a Obama e a King.

Para realizar a mostra, Araújo dividiu a curadoria com a americana Donna Wells, da Howard University.




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