Cultura & Lazer Titulo Música
O que ela quer falar

Marisa Monte lança o oitavo disco da carreira, 'O que Você
quer Saber de Verdade'; trabalho é todo voltado ao romance

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
02/11/2011 | 07:36
Compartilhar notícia


Marisa Monte é personagem tão ou mais rara que outros figurões da MPB dos quais demoramos a ter notícias - entre eles Chico Buarque e Gal Costa, que, por coincidência, têm novos trabalhos neste ano. O dele já lançado, e a cantora baiana, prestes a lançar. Sem alarde, Marisa chega ao oitavo disco, 'O Que Você Quer Saber de Verdade' (EMI Music R$ 30).

Sem concessões para entrevistas, a cantora falará sobre o trabalho pela internet, em coletiva marcada para amanhã.

Mesmo sem tantos trabalhos, sem o hábito de emplacar um projeto atrás do outro, Marisa, que coleciona um punhado de hits que já são eternos, volta nesse disco para ganhar as rádios novamente, com tudo que ela deseja e tem para falar vertido nas canções. Desta vez, sem precisar explicar os hermetismos de seu infinito particular e sem os sambas para assombrar o público que ainda se espanta pelo fato de a cantora ter pé no gênero.

Quase todo autoral, cheio de parcerias, principalmente com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, Marisa resgata duas pepitas para o disco. Uma, 'Descalço no Parque', do Jorge Ben Jor das antigas, e outra do repertório de Dalva de Oliveira, o tango 'Lencinho Branco', versão de 'El Panuelito'.

"Esse disco é uma seleção de algumas músicas que eu fiz nesses últimos três, quatros anos. Algumas até foram feitas durante o período de gravação do disco", disse a cantora em seu site.

"Quando você está com a vida muito corrida - muita zoeira, muita passagem de som, muito show -, você quer ficar quieta, não quer continuar tocando e cantando. Você já está cansada, quer uma atividade silenciosa. Eu sempre precisei dessa alternância de intensidade para a minha criação", revelou sobre o hiato necessário para absorver o novo projeto.

Falando sobre o amor, em uma salada sonora que faz passeio pela diversidade sem perder o apelo pop, Marisa assume o papel da artista que a gente sabe que vai ter coisas boas para contar, mesmo que ela não queira propriamente dizê-las e sim cantá-las.

"Eu acho que esse disco fala de muitos valores. Eu não confundo a minha pessoa com a minha arte. É claro que ela se confunde, é claro que o meu trabalho é muito pessoal, claro que muito da minha vida eu trago para o meu pensamento artístico, mas de alguma maneira eu consigo separá-las. Na verdade, eu me sinto muito confortável em servir à música e não tenho essa vaidade pessoal de querer aparecer mais do que ela."

FAIXA A FAIXA

O Que Você Quer Saber de Verdade - Hino das pequenas coisas da vida. Ganhou peso em significado no floreio dos arranjos se comparada à versão de Arnaldo Antunes, feita há cinco anos.

Descalço no Parque - Sambinha de Jorge Ben Jor. Tem ares de bossa nova e é feito com quase uma orquestra de cordas.

Depois - Balada que segue a linha de Memórias, Crônicas e Declarações de Amor (2000). Lembra Roberto Carlos.

Amar Alguém - Não cheira nem fede.

O Que se Quer - Delicioso samba com gosto de forró em parceria (som e letra) com Rodrigo Amarante.

Nada Tudo - A inspirada letra de André Carvalho se une à interpretação jeitosa de Marisa e cresce na melodia, com toques de choro e um belo momento de acordeom.

Verdade, Uma Ilusão - Linda. Diz tudo no verso: "Verdade, uma ilusão. Verdade, seu nome é mentira."

Lencinho Querido - Com ares de tragédia moderna, reúne excelentes músicos de tango do Café de Los Maestros, mas não ganha na interpretação o peso que Dalva de Oliveira lhe conferia.

Ainda Bem - Vitorioso - e meloso - primeiro hit. O refrão pegajoso é compensado pela interessante instrumentação à espanhola.

Aquela Velha Canção - Vai bem até o refrão "alô, a lua, alô, amor". Das parcerias com Carlinhos Brown, é a que tem mais a cara dele.

Era Óbvio - Tudo na medida certa. Aposta de próximo hit ou trilha sonora de novela

Hoje Eu Não Saio, Não - Forró ok, sem beleza faltando nem sobrando.

Seja Feliz - A mais animada do disco, quase para ouvir e pular. Faz também elegia às simplicidades da vida.

Bem Aqui - Fecha o disco como experiência sonora. A letra, curta e singela, não orna com a melodia.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;