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Garotinho denuncia suposta tentativa de suborno
Do Diário do Grande ABC
21/04/1999 | 18:12
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O procurador-geral de Justiça do Rio, José Muiños Piñeiro Filho, instaurou inquérito, nesta quarta-feira, para apurar a denúncia de que o governador Anthony Garotinho (PDT) foi vítima de uma tentativa de suborno por causa da reduçao de 15% nas passagens de ônibus. O Ministério Público Estadual também vai investigar a acusaçao feita por Garotinho de que as empresas de ônibus, representadas pela Federaçao das Empresas de Transporte do Leste Meridional (Fetranspor), têm um tráfico de influência junto a deputados estaduais. Hoje mesmo, Piñheiro tomou o depoimento do governador para que identificasse o nome de quem teria tentado suborná-lo.

Na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) também deverá ser criada uma Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a denúncia de suborno. Garotinho, em coletiva convocada por ele, revelou que o homem que teria tentado corrompê-lo identificou-se apenas por Coelho em conversa telefônica ocorrida há cerca de 15 dias. Esse seria o sobrenome de um ex-procurador da Alerj, José Carlos Coelho, uma espécie de "relaçoes públicas da Fetranspor" na assembléia, segundo relato do governador.

"O que eu quero deixar claro é que isso é um problema da assembléia e que nao vao manchar o meu governo nesse mar de lamas onde encontram-se", declarou Garotinho. "Eu quero ver agora se a CPI vai apurar quem é esse Coelho", disse o governador. Ele questionou da viabilidade da assembléia investigar envolvimento de parlamentares em corrupçao e tráfico de influência patrocinados pela Fetranspor.

Garotinho também fez um desafio aos parlamentares, entre os quais o presidente da Alerj, Sérgio Cabral Filho (PMDB), o deputado peemedebista Henry Charles e o deputado Paulo Melo (PSDB), que o acusaram de estar favorecendo em seu governo o presidente da empresa de transportes 1001, Amaury Andrade. "Eu gostaria de fazer um desafio ao deputado que fez esta afirmaçao que, se ele provar que o senhor Amaury é meu compadre, eu renuncio".

"Agora, se ele nao provar, que tenha a hombridade de renunciar ou de se retratar diante dos jornais ou no plenário da assembléia", completou.

Segundo acusaçao feita pelos deputados, Garotinho, em decreto que reduziu o preço das tarifas de 588 linhas da regiao metropolitana, teria deixado de fora linhas da 1001, porque o dirigente seria seu compadre.

Depoimento - Em depoimento ao procurador, o governador contou que Coelho o convidou para que conversassem em seu escritório, localizado a menos de um quarteirao da assembléia a fim de buscar uma "harmonia" entre o Executivo, o Legislativo e a Fetranspor. Garotinho disse que o contato foi feito por meio de um telefone vermelho, canal exclusivo entre governador e autoridades, de um outro aparelho instalado na assembléia.

"Ele (Coelho) disse: desculpe ter ligado do telefone vermelho, mas esse negócio de ligaçao agora está sujando muito; estao grampeando e acho que nós precisamos ter um entendimento". Segundo o governador, o telefonema teria partido de um dos dois aparelhos telefônicos da assembléia - um que instalado no gabinete da presidência da Alerj e, outro, na sala da líder do governo fluminense, Graça Matos.

A guerra política entre Garotinho e deputados, a maior parte deles do PMDB e do PSDB, começou a partir do momento em que determinou a reduçao das passagens de ônibus de 47 linhas em fevereiro deste ano. O relacionamento do pedetista com Cabral Filho e com o primeiro-secretário da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), com os quais vinha se aliando para aprovar importantes projetos da reforma administrativa no Estado, entrou em fase de litígio no momento em que o PMDB passou a exigir o comando da Secretário Estadual de Transportes, controlada atualmente pelo PT.

Durante um encontro há cerca de dez dias, Garotinho teria expulsado Picciani de sua sala depois de ouvir impropérios do parlamentar.

Segundo informaçoes de um deputado do PT, Picciani e Cabral Filho cobraram cargos no governo, o que teria deixado o pedetista muito irritado.




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