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Asiáticos avançam em comerciais leves
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/02/2011 | 08:24
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Divulgação


Como tudo que é muito novo e diferente, eles ainda causam certa estranheza. Aparentando fragilidade, os pequenos e médios comerciais leves asiáticos vêm, no entanto, quebrando paradigmas e, aos poucos, ganhando a confiança do consumidor ao oferecer preço baixo aliado a mais itens de série. Os números ascendentes de vendas não deixam mentir.

Chana, Effa Motors e Hafei (fabricante da Towner) foram as marcas chinesas que estrearam em 2008 no mercado brasileiro com comerciais leves tão miúdos quanto seus números iniciais de vendas.

Mas três anos depois já mostram crescimento. Em 2010, a Effa vendeu 3.953 unidades contra 452, em 2009; a Chana atingiu 868 contra 304 e a Hafei alcançou volume de 4.207 no ano passado, enquanto em 2009 só havia vendido 1.248 comerciais leves.

Somado, o volume chega a cerca de 9.000 unidades. Representa menos de 0,5% do mercado nacional, que, em 2010, fechou com 3,512 milhões de emplacamentos. Mas o total obtido pelas três chinesas já representa quase 10% dos veículos vendidos pelas 30 marcas associadas à Abeiva (Associação Brasileira dos Importadores de Veículos Automotores), entidade da qual participam e que vendeu volume de 105 mil unidades em 2010.

Se além das três chinesas for incluído o resultado da Kia, uma das líderes da Abeiva que vendeu, em 2010, 8.480 unidades do Bongo - caminhão cuja versão de entrada é importada do Uruguai - os asiáticos mostram mais força.

Em versões que vão de picape cabines simples e dupla, furgão de carga ou passageiros, os pequenos comerciais leves chineses têm preços que variam de R$ 20.480 (picape Effa Hafei cabine simples) a R$ 27,1 mil (furgão Towner).

Movida a gasolina, a maioria conta com direção elétrica e ar-condicionado de série. No geral, transportam de 500 a 700 quilos, demostrando vocação totalmente urbana - geralmente trajetos de cargas leves, como botijões de gás, flores ou tecidos.

Para 2011, tanto os coreanos quanto os chineses estão com apetite de vendas. Uma das mais agressivas é a Effa, que, no Brasil, representa o fabricante chinês Chang-he.

A Effa começa a vender neste ano dois modelos de caminhão de pequeno porte - um de duas toneladas, para concorrer com o Kia Bongo e o Hyundai HR, e outro de quatro toneladas, para disputar mercado com o Ford F-450.

"Nosso crescimento tem sido fantástico desde 2008", afirmou Clairto Acciarto, diretor comercial do Grupo Effa. "Com os dois novos produtos que estamos trazendo neste ano, esperamos vender 7.000 comerciais leves. A marca tem potencial para atingir facilmente este volume. Tudo que chega vende."

Segundo Acciarto, os produtos Effa não são frágeis e há estoques de peça de reposição. "Em quase três anos de atividade, não tenho nenhuma reclamação no Procon", disse. "Também fizemos um acordo com a Porto Seguro, pelo qual, se eu não entregar peças em até 48 horas, sofro penalidades e multas."

Indústria local não aproveita nicho

Tanto fabricantes chineses quanto coreanos buscaram focar sua atuação em lacunas deixadas pela indústria nacional, que ainda hoje não tem produtos específicos para disputar nichos descobertos pelas marcas novatas.

A falta de uma plataforma, além dos baixos volumes atuais de venda, são alguns dos argumentos usados nos bastidores da indústria automobilística para explicar o desinteresse dos fabricantes locais pelos nichos em que marcas asiáticas estão cada vez mais atuantes.

Os primeiros a darem passo decisivo no mercado brasileiro foram o Hyundai HR e o Kia Bongo. Pertencentes ao mesmo grupo industrial, os dois modelos vêm alcançando números cada vez mais expressivos de venda.

No ano passado, o Hyundai HR - caminhão para até 3,5 toneladas da Hyundai, que tem preço médio de R$ 55 mil - vendeu, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), 14.860 unidades, ante 10.871 emplacamentos em 2009.

Diante dos volumes expressivos, os coreanos passaram a montar os caminhõezinhos na América do Sul. Sob coordenação do Grupo Caoa, o HR é fabricado em Goiás.

A Kia, por sua vez, decidiu trazer a versão de entrada do Bongo de uma fábrica do empresário José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, localizada no Uruguai.




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