A eclosão de um novo escândalo obrigou o presidente nacional do PT, José Genoino, adiar a reunião da Executiva Nacional do partido para a próxima terça-feira, às 10h. A mudança do encontro, que deveria acontecer neste domingo, acontece, de acordo com nota divulgada pelo próprio PT, em virtude de alguns integrantes da 'cúpula' terem outros compromissos. Genoino, por exemplo, se prepara para ser entrevista no programa Roda Viva da TV Cultura, nesta segunda-feira.

A edição desta semana da revista Veja traz uma reportagem revelando que o publicitário Marcos Valério de Souza, apontado como 'operador' do chamado 'mensalão', é "avalista e devedor solidário" de um empréstimo de R$ 2,4 milhões que o PT fez junto ao BMG (Banco Minas Gerais), em fevereiro de 2003 – dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar posse. Em um documento oficial do BC (Banco Central) sobre o empréstimo aparecem as assinaturas de Marcos Valério, José Genoino e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. A reportagem também revela que o publicitário desembolsou R$ 350 mil para pagar uma das parcelas do empréstimo.

Este documento coloca em 'xeque' o depoimento de Marcos Valério à PF (Polícia Federal). Ele afirmou não ter nenhum compromisso financeiro com o PT e apenas um relacionamento de "amizade" com Delúbio. No entanto, esta transação financeira mostra que a ligação entre Delúbio, Marcos e PT vai muito além de "amizade". O publicitário é detentor de duas empresas que possuem cinco contratos com o governo federal, que já desembolsou cerca de R$ 130 milhões.

Marcos Valério de Souza é apontado pelo presidente licenciado do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ), como o 'operador' do 'mensalão' – suposto esquema em que o PT, representado por Delúbio Soares, pagava uma mesada de até R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de 'favores' políticos na Câmara.