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Lista de compras da classe C já inclui mais lazer e roupas, diz pesquisa
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
03/05/2010 | 07:00
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Emprego estável, renda maior e preços mais acessíveis formaram a combinação ideal para que a nova classe média destinasse maior parte do salário para gastar com vestuário e lazer. Levantamento da financeira Cetelem aponta que as despesas com roupas e sapatos entre essas famílias cresceram 20% no ano passado, totalizando média mensal de R$ 204.

A mauaense Priscila de Lima Pereira, 25 anos, está entre as pessoas que estão renovando o guarda-roupa. Ela calcula que deixa no mínimo R$ 360 nas lojas dos centros de compras do Grande ABC quase todos os meses.

"Todos os fins de semana passo no shopping para ver o que tem de novo nas vitrines. Quando encontro, compro", dispara a secretária escolar, cuja renda familiar é de R$ 3.000.

Quando o estabelecimento oferece desconto ela prefere pagar a compra à vista; quando não, utiliza o cartão de crédito, ferramenta que não sai de sua carteira.

Segundo pesquisa realizada com pessoas de todas as classes sociais em dezembro, 66% das que integram a faixa C adquiriam roupas nos últimos 90 dias, enquanto na classe AB esta fatia chega a 73% e na DE, a 44%. Mesmo gastando mais nesta categoria, apenas um quarto dos respondentes dizem financiar essas compras, contra 37% registrados em 2008.

"À medida que a população passar a ter mais dinheiro disponível e estabilidade no emprego, eleva as despesas com itens não essenciais. As pessoas adquirem a roupa desejada e têm acesso a serviços como turismo", destaca o diretor geral da Cetelem, Marcos Etchegoyen.

Lazer - Entre as pretensões de compra para este ano, a categoria de lazer e viagens foi uma das poucas que tiveram crescimento, de 31% para 32%. Na classe DE o avanço também foi de um ponto percentual, de 14% para 15%, enquanto entre o público de alta renda a intenção de gasto aumentou de 43% para 48%.

Etchegoyen aponta que dependendo do valor do pacote para as capitais nordestinas muitos preferem destinos como Estados Unidos, Argentina e Chile. A intenção de gasto do brasileiro com lazer e viagem subiu dois pontos percentuais frente a 2008, atingindo 28%.

O operador de utilidade Cícero Gomes da Costa Neto, 50 anos, de Santo André, diz que está gastando mais com viagens nos períodos de férias, principalmente no fim do ano, quando normalmente tem 15 dias para passear com a família.

"Também saímos constantemente para almoçar ou jantar nos restaurantes. Enquanto minha filha e o namorado dela vão mais ao cinema", comenta Costa. Ele só não viaja mais porque não folga nos feriados prolongados.

Já Priscila de Lima Pereira foi a Fortaleza (CE) em março. "Acabo viajando mais, pois os valores dos pacotes estão mais acessíveis." A secretária escolar pagou R$ 1.600 pela estada no Nordeste.

Seus planos são viajar pelo menos duas vezes ao ano para conhecer outras capitais, visto que tem duas férias. "Estou destinando um pouco mais da minha renda para esses passeios", finaliza.

Nova classe média vai crescer por mais dez anos
A nova classe média brasileira continuará crescendo por pelo menos mais dez anos, prevê o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn. Atualmente, a classe C representa metade da população, contingente de 92 milhões de pessoas.

Diante dessa massa em ascensão, a tendência é que mais empresas direcionem seus negócios para abocanhar uma fatia desse bolo. Estima-se que, de cada sete cartões de créditos emitidos no País, sete são para esses consumidores, porém, a movimentação financeira ainda não representa metade do setor.

"Nos últimos cinco anos 35 milhões de pessoas ascenderam para a classe C. Nos próximos dez anos essa camada somará 115 milhões de indivíduos', avalia o diretor de cartões da instituição bancária, Marcos Magalhães.

O avanço dessa população na economia deve-se ao aumento do emprego e renda. A geração de postos de trabalho formais está maior frente aos informais. "Isso deve-se às pequenas empresas que estão se formalizando no mercado para conseguir crédito", diz Goldfajn.

Acesso - O cartão é o principal instrumento utilizado pelas instituições financeiras para fisgar o cliente da nova classe média. O plástico também é a porta de entrada para que essas pessoas comecem a usar outros produtos financeiros como seguros, previdência privada, financiamentos imobiliário e estudantil.

Diferentemente da conta-corrente tradicional, essa ferramenta de crédito tem acesso facilitado à população com renda mensal entre R$ 1.000 e R$ 2.000, pois não necessita de estrutura de rede de agências, cujo custo é mais elevado.

Segundo Magalhães, os cartões emitidos pelos estabelecimentos é a maneira mais fácil de chegar aos clientes. "A parceria com o lojista é caminho natural, devido à preferência de uso pelo consumidor."

Ao focar na venda de plásticos à classe C, o Itaú-Unibanco, por exemplo, assegura presença num mercado onde concorrentes como Banco do Brasil e Bradesco estão crescendo de maneira bastante agressiva.




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