Economia Titulo Setor automotivo
Produção de veículos cai 29,3% em janeiro e recua ao nível de 2003

Situação só não é pior devido às exportações,
que subiram 37,1% na comparação com 2015

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
05/02/2016 | 07:20
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Divulgação



A produção de veículos automotores em janeiro caiu 29,3% na comparação com os 31 primeiros dias de 2015, e recuou ao menor patamar para o mês desde 2003, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A retração é consequência da queda na renda da população, da restrição ao crédito e da falta de confiança do consumidor na economia.

Segundo balanço divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as montadoras instaladas no Brasil produziram no mês passado 145,1 mil veículos, entre carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. São 60 mil a menos do que os 205,3 mil fabricados em janeiro de 2015. Nos 31 dias iniciais de 2003, a produção registrada foi de 144,2 mil unidades. O estoque atual é de 49 dias, porém, a entidade aponta que o tolerável seriam 30 dias.

A situação do setor só não foi pior em razão das exportações, que estimuladas pela desvalorização do real perante o dólar (na casa dos R$ 4), aumentaram 37,1% ante o início do ano passado. Os valores arrecadados, entretanto, caíram 18,3% no mesmo período. O principal parceiro comercial é a Argentina.

A diminuição da demanda – redução de 38,8% na venda de unidades zero-quilômetro em relação a janeiro do ano passado, pior resultado desde 2007 – provocou o corte de 14,7 mil postos de trabalho nas fábricas, o que equivale a redução de 10,2% no nível de emprego em 12 meses. O estoque de mão de obra chegou a 129,3 mil pessoas. A quantidade de pessoal alocado na indústria de veículos voltou ao patamar de março de 2010.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, justifica que a manutenção dos postos de trabalho além da necessidade atual para a produção do setor é reflexo de medidas tomadas em parceria com sindicatos para evitar o desemprego. Ele cita como exemplos o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que permite às empresas diminuírem a carga horária e os salários pagos durante momentos de crise, e o lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho). Juntos, os dois instrumentos abrangem 41,9 mil funcionários das montadoras em todo o País. Somente na região, cerca de 5.100 estão em lay-off e outros 18,6 mil no PPE.

O vice-presidente da Anfavea Marco Antonio Saltini acrescenta que a manutenção dos postos de trabalho também tem como objetivo a contenção de gastos. “Fazemos muitos esforços para preservar a mão de obra porque investimos muito alto para qualificá-la, e custaria muito para capacitar outra equipe.” Saltini informa que, nas fábricas que produzem caminhões, a ociosidade chega a 60%. Os veículos de carga tiveram queda de 50,5% na produção em janeiro ante o mesmo período do ano passado. Entre os ônibus, a redução foi de 48,9%.

Apesar dos números ruins no primeiro balanço do setor no ano, a Anfavea mantém a projeção divulgada no dia 7 de janeiro para 2016, de diminuição de 7,5% nas vendas de veículos zero-quilômetro e aumento de 0,5% na produção total. Mesmo assim, Moan reconhece que o primeiro trimestre deve apresentar resultados piores do que esses percentuais estimados para o fim do ano.

Para reaquecer o setor, o presidente da Anfavea recomenda aumento na liberação de financiamentos. “Não conheço uma economia bem sucedida que não tenha crédito disponível ao mercado.” Além disso, cobra dos parlamentares apoio às medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo federal para reduzir o deficit nas contas públicas. “É preciso que as questões políticas deixem de contaminar a economia.” Por esse motivo, o executivo avalia que não é o momento ir a Brasília solicitar incentivos às fabricantes, como reduções de impostos.

HOMENAGEM - Antes da entrevista coletiva para anunciar os números de janeiro, Moan propôs um minuto de silêncio em homenagem ao jornalista Leone Farias, repórter do Diário que morreu aos 48 anos em acidente de trânsito na manhã do dia 8 de janeiro em São Caetano. O presidente da Anfavea destacou o caráter pessoal e o profissionalismo de Farias, que atuava no caderno de Economia do jornal havia quase 18 anos. 




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