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Comércio da região deixa de faturar R$ 4.319 por minuto
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
23/01/2016 | 07:21
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 Entre janeiro e outubro de 2015, o comércio varejista do Grande ABC faturou R$ 1,891 bilhão a menos do que no mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados ontem pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) com exclusividade para o Diário. Isso significa que, por dia, o setor perdeu, na região, R$ 6,220 milhões, o equivalente a R$ 259,1 mil por hora ou R$ 4.319 por minuto.

A queda real – considerando a correção dos valores a preços de outubro do ano passado com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – é de 7,3% no acumulado dos dez primeiros meses de 2015, passando de R$ 26,707 bilhões para R$ 24,816 bilhões. Na comparação com outubro de 2014, a retração é de 12,9%, de R$ 2,908 bilhões para R$ 2,522 bilhões.

De setembro para outubro, o segmento apresentou elevação de 7,9% no faturamento, o que representa aumento de R$ 179,9 milhões ante o mês anterior. Mesmo assim, o economista Guilherme Dietze, assessor da FecomercioSP, ainda não acredita em retomada do crescimento.

Pelo contrário. Para 2016, ele projeta novas quedas. “Nenhum fator relacionado ao consumo mudou (desde outubro). Estamos passando por momento de aumento no desemprego e na inflação, juros elevados e queda do PIB (Produto Interno Bruto)”, comenta Dietze. Ele salienta que esse panorama, além de reduzir o poder de compra da população, implica queda na confiança por parte do consumidor, que, com medo de perder o emprego, evita gastar com produtos que não sejam considerados de primeira necessidade.

Apesar das previsões negativas, o economista projeta que as quedas no faturamento ao longo deste ano sejam mais suaves do que as observadas em 2015. “As quedas devem ter menor intensidade, já que a base de comparação (em relação a períodos anteriores) vai ficando cada vez mais fraca”, acrescenta.

ATIVIDADES - O segmento de concessionárias de veículos é o principal responsável pela retração do comércio varejista do Grande ABC. A redução no volume de vendas foi de 15,7% no acumulado do ano, e de 22,8% em outubro na comparação com o mesmo mês de 2014. Os estabelecimentos que comercializam eletrodomésticos, eletrônicos e as lojas de departamentos tiveram queda de 9,5% em dez meses e de 23,7% em outubro.

Dietze destaca que essas duas áreas de atuação, por trabalharem com produtos de maior valor agregado, são mais prejudicadas pelo fato de os clientes dependerem de crédito. E, em momentos de instabilidade na economia, os bancos tendem a restringir a aprovação de linhas de financiamento para evitar o risco de inadimplência.

Dado alarmante é o encolhimento de 1,1% no faturamento dos supermercados nos dez primeiros meses de 2015. Em outubro, o setor ainda apresentou alta, mas de irrisórios 2,1% em relação a 2014. Nas farmácias, a situação é ainda pior: retração de 9,5% no acumulado do ano e de 22,1% em outubro. As estatísticas são consideradas preocupantes, pois esses segmentos, geralmente, são os últimos a serem afetados pela crise, já que os clientes reduzem gastos em outras áreas para poder comprar nesses estabelecimentos.

“As famílias estão tendo de fazer malabarismo e se adaptando a novo perfil de consumo”, finaliza Dietze.




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