O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou ontem que irá manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano. Até o início da semana, a previsão do mercado era de que houvesse aumento de até 0,5 ponto percentual. Foi a quarta vez consecutiva que a taxa foi mantida. Em novembro, após a última reunião do conselho em 2015, o BC (Banco Central) já havia sinalizado possibilidade de elevação.

Na terça-feira, entretanto, o presidente do BC, Alexandre Tombini, já deu sinais de que haveria manutenção da taxa atual e de que o aumento fosse mais suave, de 0,25 ponto percentual, ao emitir nota na qual considerou como “significativas” as revisões negativas feitas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

O posicionamento foi criticado pelo mercado, que considerou as afirmações como pretexto para não elevar a Selic, cedendo a pressões do Palácio do Planalto e do PT.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, elogiou a decisão pela não elevação dos juros. “Seria um erro aumentar a taxa. Inclusive, o ideal seria já começar a pensar em reduzi-la. A Selic alta deprime a atividade produtiva, já que acaba sendo mais vantajoso investir no mercado financeiro do que em produção.”

A FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) classificou como “compreensível” a manutenção da taxa no patamar atual. “Sem a colaboração da política fiscal, o rigor monetário tende a perder sua eficácia, e dificilmente seria capaz, sozinho, de controlar o processo inflacionário em curso”, diz nota enviada pela entidade.

A elevação dos juros é uma medida tomada para tentar combater a inflação, que fechou 2015 em 10,67%. Isso porque o crédito fica mais caro, o que inibe o consumo.