Economia Titulo Crise
Comércio elimina 2.686 vagas

Pela primeira vez na série histórica, FecomercioSP
aponta retração no emprego no varejo em novembro

Marina Teodoro
Especial para o Diário
21/01/2016 | 07:12
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Anderson Silva/DGABC


Nem o fim do ano, tradicionalmente forte para o comércio, devido à proximidade do Natal e do Ano-Novo, refrescou os reflexos da crise econômica para o setor no Grande ABC. De acordo com pesquisa realizada pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), divulgada com exclusividade para o Diário, 2.686 vagas foram eliminadas no varejo em novembro de 2014, comparadas com o mesmo período de 2014. O estoque de empregados no comércio da região, dessa forma, somou 114.348 cargos com carteira assinada, após o recuo de 2,3% no total de postos.

Para o empresário Laércio Santos Macedo, 51 anos, de São Bernardo, o resultado do levantamento é reflexo do que aconteceu em seu estabelecimento no fim de 2015. “Nunca passei tanto aperto quanto no ano passado. Com o movimento baixo e inflação e outros custos em alta, fiquei sem alternativa e tive que demitir”, conta ele.

Macedo, que é dono de perfumaria em Mauá, precisou reduzir o quadro de funcionários em 30% como consequência das baixas nas vendas no fim do ano. “Novembro é época de contratar. No meu caso, mantive a equipe de seis pessoas – que já estava reduzida – e contratei mais duas funcionárias temporárias no início de dezembro, que saíram no fim do mesmo mês”, explica o empresário.

A situação de Macedo não é caso isolado. “Desde que começamos a pesquisa, em 2008, esta foi a primeira vez que tivemos um resultado negativo na comparação de 12 meses, em novembro. O que é um indicativo muito ruim, já que esse é um mês de alta empregabilidade no comércio devido à sazonalidade. Nunca se fechou tantos postos no comércio, como em 2015”, afirma o assessor econômico da FecomercioSP Jaime Vasconcellos.

No acumulado do ano, a queda foi de 2% na ocupação formal da região, resultando no fechamento de 2.279 postos de trabalho. Na comparação mensal, foram criados 688 empregos no mês. Entretanto, é necessário que se leve em consideração que novembro é um período típico de contratações temporárias, já que a demanda das vendas aumenta conforme se aproximam as festas de fim de ano, o que explica o saldo positivo.

CRISE - Na visão do assessor econômico da FecomercioSP, o baixo desempenho apontado é decorrente da situação financeira que o País se encontra. “Começa com o consumo da família, que é reduzido devido à diminuição do poder de compra por conta da inflação, dos juros elevados, do endividamento, da inadimplência. Tudo isso resulta no corte dos gastos no comércio, fazendo com que os varejistas não lucrem e tenham que reduzir o número de funcionários”, explica Vasconcellos.

Os setores mais prejudicados no Grande ABC foram os de vestuário, tecidos e calçados que, em um ano, perderam, juntos, 1.293 vagas. Na sequência, os que mais demitiram foram os de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento, que eliminaram 624 postos. A soma dos dois setores já representa mais da metade do total de demissões do varejo. “Com a crise, a renda do trabalhador é direcionada a bens essenciais, o que afeta diretamente segmentos com produtos mais caros (e supérfluos), que dependem de crédito e apresentam juros mais altos”, analisa o especialista.

Para Vasconcellos, a expectativa para 2016 também não é das melhores. “Pelo menos até abril a perspectiva é de que a situação não melhore, já que esse é um período historicamente ruim para contratações por ser conhecido pelo pagamento de impostos (como IPVA e IPTU), férias e sem datas comemorativas para o comércio.”
 




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