À primeira vista, a saída da Petrobras do quadro societário de qualquer empreendimento soa como péssima notícia. Entretanto, no momento atual da petroleira brasileira, o anúncio do interesse da estatal em vender os 36% do capital da Braskem que possui ganha conotação totalmente oposta e chega até a ser festejada pelo prefeito de Mauá.

O fato é que a empresa, um dos símbolos do País e ainda uma das maiores do mundo entre as companhias extrativistas de combustível mineral, perdeu muito de sua pujança. Ou melhor, a utilização de recursos para fins escusos, com o passar do tempo subtraiu a seiva vital para sua sobrevivência.

A imagem da Petrobras, antes associada a sucesso e boas iniciativas, hoje não reflete o mesmo brilho de outrora. Ainda frequenta o noticiário diário, mas em relatos muito menos glamurosos que anteriormente. Agora, a marca vem associada a série de denúncias, corrupção, desvio de verbas, investimentos incertos – que o diga a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, por valor muito acima do que realmente valia – e ações em queda, chegando a nível inimaginável de valor. Desde 2010, seus papéis desvalorizaram 80% na Bolsa de Valores.

No centro da Operação Lava Jato, a Petrobras torna-se pesado fardo e, na avaliação de Donisete Braga (PT) – que além de responder pelo Executivo mauaense é presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC –, a saída permitirá que a Braskem tenha maior independência para a realização de negócios, justamente por estar desvinculada da imagem da estatal.

Ninguém mais do que ele tem interesse na boa saúde financeira da Braskem, visto que a companhia é responsável por 60% da arrecadação tributária da cidade que comanda, além de contribuir com outros 30% para a vizinha Santo André.

Surrada por sucessivas gestões inescrupulosas, a estatal tornou-se lastro. Peso que impede o voo de quem a ela está associado.