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Vá para as ruas e olhe para postes, paredes, semáforos, lixeiras e placas de sinalização. Muitos dividem a pichação com pequenos adesivos, os stickers (etiquetas adesivas), um tipo de intervenção urbana que surgiu na década de 1970 nos Estados Unidos como alternativa de expressão artística em locais públicos. No Brasil, se popularizou nos anos 1990 e voltou com tudo agora!
O objetivo é despertar a atenção, colorir o cinza da cidade ou representar um estilo de vida, como o vegetarianismo. Para isso, os artistas criam desenhos que são transformados em adesivos, com a aplicação de Contact. É a Sticker Art (no YouTube há vários vídeos que ensinam como fazer).
Na opinião de Bruno Giovannetti, pesquisador sobre visualidade da USP, os adesivos também são formas de contestar e ironizar, assim como deixar uma marca no local. "As pessoas que passam e observam o adesivo não vão entender o propósito, mas quem conhece entende o significado."
Para a maioria, porém, os stickers não passam de uma nova forma de poluição visual e até de vandalismo, quando são colocados em locais que prejudicam a visibilidade de alguma informação ou deterioram espaços públicos. É por isso que Issao Minami, urbanista especializado em comunicação visual da USP, é contra essa conduta. "O problema é que não há limite para quem sai por aí usando o espaço público de forma desordenada", ressalta Issao, que defende a manifestação cultural com responsabilidade. Que tal aplicá-los na sua casa?
O outro lado - Os amigos G. e A., cuja identidade deve ser preservada, de 12 e 13 anos, de São Bernardo, afirmam que os stickers podem ser considerados uma forma de arte. "Sempre desenhei bem. É uma maneira de mostrar o que sei e expressar minha opinião. Faço sempre um homem de terno preto com a boca aberta, o que mostra minha indignação com a política", conta G., que faz outros desenhos e enfeita a porta do armário do quarto.
Para evitar problemas, eles não colam os adesivos em qualquer lugar. "Costumamos colar em postes, lixeiras e placas do bairro, mas sempre atrás ou no cantinho para não atrapalhar em nada a informação", explica A.
Os pais dos garotos não aprovam a ideia. Os filhos retrucam e acham que é puro preconceito. "Para isso acabar, é preciso ter mais divulgação do que são os stickers. Senão parece que é coisa de marginal". conclui A.. (Supervisão Teresa Monteiro)
Pode ser perigoso
Colar stickers pode ser perigoso ao confundir quem depende de uma informação estampada numa placa e traz prejuízos às administrações públicas que precisam consertar o que foi danificado.Mas não há lei específica de punição para isso. De qualquer forma é proibido pichar, grafitar ou usar outro meio de degradação de espaço público. Quem for flagrado pode ter de prestar serviço à comunidade ou até ser preso. Se tiver menos de 12 anos, segundo Vera Gallo, do Conselho Tutelar de São Bernardo,os pais são chamados e responsabilizados. "Se tiver mais de 12, a medida é aplicada ao infrator."
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