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Chuchu não cai como inflação nacional
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
21/07/2010 | 07:25
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A média dos preços para as famílias brasileiras com renda entre um e 40 salários-mínimos caiu 0,09% entre 15 de junho e 15 de julho. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15). Boa parte desta queda é de responsabilidade dos alimentos, que dentro do indicador, recuaram 0,80%. Porém, neste grupo está o produto, entre mais de 400 itens, com maior alta de preços no ano, o chuchu, com encarecimento de 83,5%.

Quem pagava R$ 1 pelo quilo do legume, agora desembolsa, em média, R$ 1,83. E as donas de casa perceberam as alterações. "Eu acho um absurdo, pois pagava R$ 0,70 pelo quilo, e agora quase R$ 3 em alguns lugares. Eu estou substituindo por abobrinha, que é bem parecida", contou a cabeleireira Célia Costa, de São Caetano.

Célia agiu correto, conforme a professora do curso de Nutrição da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) Gislaine Aparecida Nogueira Mendes. "O chuchu é do grupo dos legumes. E pode ser substituído por abobrinha, abóbora moranga, berinjela e beterraba", explicou a especialista.

Varejo - Conforme o IBGE, o chuchu teve alta de 39,6% em média apenas entre 15 de junho e 15 de julho. Para o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) Fábio Vezzá de Benedetto, o encarecimento do produto aconteceu apenas no varejo. "Eu trabalho com o atacado (venda para comerciantes) e não percebi este aumento", disse.

Ele supõe dois motivos que podem ter encarecido o legume para o consumidor. "É um produto de clima tropical, então o frio pode prejudicar a oferta, mas não teve alta no atacado", explicou, acrescentando que recentemente o chuchu foi exibido em canal aberto como agente de combate às doenças.

A nutricionista Gislaine deixou claro que o chuchu é rico em vitaminas A e C. "E tem muito poucas calorias, portanto não engorda."

Segundo o médico clínico-geral Guilherme Sakemi, as vitaminas A e C são antioxidantes. "Elas têm função imunológica, ou seja, ajudam o organismo a se proteger contras as doenças em geral." Mas, como disse Gislaine, se o preço está alto, a abobrinha, abóbora, berinjela e beterraba também exercem esta função.

Plantação - Enquanto os mercados sobem o preços, o produtor, comerciante e mestre de obras Manoel Valentin Cerqueira vende, sempre, o quilo do chuchu por R$ 1. Ele cultiva o legume, junto a outras hortaliças em local inusitado: em meio à zona residencial de São Caetano, num espaço em que uma distribuidora de energia elétrica mantém torres de sustentação de fios.

"Eu tenho contrato de cinco anos para utilizar o espaço. Em contrapartida, tenho que cuidar do solo, para segurança da torre, se quebrar os muros tenho que consertar e tenho que mantê-los pintados", explicou Cerqueira. E da pequena horta, em meio a vários prédios, ele tira algum lucro. "Vendo para quem quiser e para os restaurantes, e normalmente venho cuidar durante a tarde", disse.

Entre os produtos no comercio informal do seu Manoel, é possível encontrar alfaces, cheiro verde e couve sem agrotóxico. E cultivados bem próximos dos moradores da região.

Alimentos pesam menos no bolso do consumidor
Os alimentos contribuem com 23% das variações do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15). Portanto, a queda de 0,80% nestes produtos foi essencial para a deflação de 0,09%. E os vilões feijão-carioquinha (-0,16%) e o tomate (-14,9%) desta vez compartilharam o heroísmo no índice.

A cabeleireira Célia Costa disse que não aceitava comprar tomate pelo preço que estava. "Eu achava um desaforo", criticou. Já a moradora de São Caetano e aposentada Shirley Boer disse que situação está melhor. "Principalmente o tomate, que subiu muito nos mercados."

Quatro dos nove grupos do índice apresentaram deflação na média nacional. Além dos alimentos, vestuário recuou 0,15%, transporte decresceu 0,36% e educação diminuiu para 0,02%, tendo em vista que o resultado anterior foi de 0,03%.




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