Política Titulo
Dilma e Serra deixam dúvidas no plano econômico
11/10/2010 | 08:51
Compartilhar notícia


Garantir que o investimento cresça para sustentar o desenvolvimento e que inevitáveis déficits externos tenham tamanho e padrão de financiamento que não desequilibrem o País. Este pode ser o resumo de um dos maiores desafios econômicos do próximo governo, supondo que nenhuma aventura será tentada para mudar o atual modelo.

Como o Brasil tem baixa poupança nacional, sempre que o consumo e o investimento crescem com força, como agora, o País tem de recorrer à poupança externa, o que se traduz em déficits crescentes na conta corrente.

Em uma campanha eleitoral pobre no debate econômico, nenhum dos dois candidatos tem colocado com toda a clareza como vai agir frente a esse desafio. Do tucano José Serra, o mercado acostumou-se a esperar austeridade fiscal, o que ajudaria bastante, aumentando a poupança do governo. Mas as caras promessas eleitorais de Serra em termos de salário mínimo, aposentadoria e Bolsa Família colocaram um ponto de interrogação naquela crença.

No caso de Dilma Rousseff (PT), supondo-se uma continuidade do que vem sendo feito no governo Lula, a aposta parece ser em combinação de alguma moderação nos gastos, fé na queda da taxa de juro real e política industrial para ajudar setores estratégicos prejudicados pelo câmbio valorizado.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, estrela em ascensão nos quadros técnicos da gestão petista, confia na capacidade do País de ampliar o investimento dos atuais 19% do PIB para 22% ou mais, mantendo o equilíbrio macroeconômico.

Barbosa cita dois fatores que, para ele, vão expandir a poupança doméstica, hoje de 17% do PIB: a poupança das empresas, que deve crescer junto com a lucratividade; e a queda da taxa de juros real. "É perfeitamente possível que, nos próximos quatro anos, a taxa de juros real caia para próximo de 2%", aposta. Isso, por sua vez, deve aumentar a poupança do governo.

O economista está seguro quanto à viabilidade de uma sólida política fiscal no próximo governo, que ajude a pavimentar o caminho da queda do juro real. Barbosa observa que é possível manter a rede de proteção social criada e estabilizá-la como fatia do Orçamento.

No campo tucano, o candidato José Serra reiterou inúmeras vezes, ao longo da campanha, que vê distorções no chamado ‘tripé' macroeconômico. O câmbio é excessivamente valorizado, os juros são os mais altos do mundo, a carga tributária é enorme e o investimento público reduzido. Para Serra, é possível fazer com que os gastos públicos cresçam menos do que o PIB, e aumentar a base de tributação, combatendo a sonegação, para reduzir o ônus tributário individual sem perda de arrecadação.

Serra, porém, fez promessas como o salário mínimo de R$ 600, o aumento de 10% para os aposentados e a duplicação do Bolsa-Família. Segundo estimativa preliminar, essas medidas, se implantadas em 2011, significariam fazer, em um ano, aumento de gastos de três anos, considerando o ritmo de expansão atual.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;