"Na década de 90, a América Latina conseguiu redução considerável da pobreza, mas 2001 e 2002 não foram bons", diz o professor chileno Pedro Sainz, que esteve no Rio esta semana para participar do seminário internacional sobre medição de pobreza, coordenado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 1990, a América Latina tinha 48,3% da população na pobreza e 22,5% na indigência. Em 2000, o percentual de pobres chegou a 42,1% e de indigentes a 17,8%. No ano passado, os índices cresceram para 43% e 18,6%. A Cepal não divulgou os números do Brasil relativos ao início da década. Para a Cepal, estão abaixo da linha de indigência as pessoas que não têm renda mensal suficiente para comprar uma cesta básica. A linha da pobreza equivale ao dobro do valor da cesta básica.
Segundo Sáinz, o Brasil está no caminho para o cumprimento da meta firmada por todos os países das Nações Unidas de reduzir à metade a pobreza até 2015, em comparação com os índices de 1990. "Na América Latina, os países deverão cumprir a meta, o Brasil está indo bem. A meta é muito mais exigente para a África", afirma Sáinz.
Consultor do IBGE para a medição da pobreza, Pedro Sáinz sustenta que, se o Brasil, como anunciou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, tem no combate à pobreza, e especialmente à fome, uma prioridade, terá que concentrar ações para obter melhores resultados. E, para isso, precisará conhecer bem os indicadores, para avaliar as características da pobreza.
O esforço dos estatísticos especializados em medição da pobreza tem sido conseguir o maior número possível de indicadores comuns, para que os números possam ser comparados entre os países e, ao mesmo tempo, cada um tenha um completo raio X de sua realidade.
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