Desde 2000, portanto há 16 anos, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC debate, religiosamente, o problema causado pelos temporais nas sete cidades. O assunto foi tão exaustivamente discutido – e as páginas deste jornal, que sempre acompanhou com interesse a pauta do grupo de prefeitos, estão franqueadas à consulta pública para comprovar o que se diz neste espaço – que os municípios estariam livres das tragédias de verão se, ao menos, parte das ideias surgidas ao longo do tempo tivesse sido efetivamente executada.

O que mais chama atenção é a montanha de dinheiro público que se gasta sem que haja melhora na qualidade de vida dos moradores da região. O Consórcio sequer conseguiu mapear os pontos sujeitos a alagamentos e deslizamentos. Como se simples consulta à coleção de qualquer jornal que cubra o cotidiano do Grande ABC com razoáveis seriedade e competência não dirimisse a questão a custos muito mais módicos – para não dizer de graça.

Enquanto os prefeitos debatem, debatem e debatem, as chuvas seguem causando prejuízos. Humanos e materiais. Como os registrados no sábado. Chuva forte de uma hora e meia foi suficiente para deixar três cidades (Santo André, São Bernardo e Mauá) debaixo d’água, parar a circulação de trens e trazer desconforto para milhares de pessoas. Graças aos céus e à sorte não houve nenhuma morte. Mas os contribuintes que pagam pesados impostos para ter segurança e qualidade de vida não podem depender apenas do fado ou da fé. É preciso que a região possua estrutura técnica para detectar, impedir e superar catástrofes.

Se a existência do Consórcio estivesse condicionada à eficiência de suas ações, estaria extinto há bom tempo. Como os dinossauros. O pior que pode ocorrer com qualquer instituição é perder a relevância. Este Diário reconhece a importância do debate regional dos problemas comuns às sete cidades. Exatamente por isso, não defende a extinção do grupo, mas a sua imediata reformulação. Sejam mais ativos, senhores prefeitos! É o que espera a população do Grande ABC.