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Vigilância no Tancão da Morte é reforçada no período do verão

Localizada no Parque Guaraciaba, em Santo
André, represa artificial continua atraindo pessoas

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/01/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Passados quase dois anos do último caso de morte por afogamento registrado no Tancão da Morte, localizado dentro do Parque Guaraciaba, em Santo André, o local recebe forte esquema de segurança. Além de portões trancados com cadeado, equipe da GCM (Guarda Civil Municipal) realiza monitoramento da área durante 24 horas, tanto em rondas a pé quanto via barco. Exagero? Nem um pouco. Embora o histórico do espaço seja assustador – desde a década de 1990, pelo menos 33 pessoas perderam a vida na represa artificial –, a invasão da localidade por parte da população continua sendo comum.

Conforme o comandante da GCM Rogério Durante, a vigilância é necessária. “Havia acesso pelo aterro, localizado na retaguarda do parque. Ele era vigiado por empresa privada, mas, muitas vezes, de acordo com o clima, algumas pessoas conseguiam entrar no local.”

Foi por esta trilha que cinco adolescentes do Jardim Oratório, em Mauá, com idade entre 12 e 17 anos, conseguiram chegar à represa artificial no dia 30 de janeiro de 2014, após matarem aula para fazer piquenique. A tragédia se deu quando um dos meninos quis dar o último mergulho e morreu afogado. Os outros quatro garotos pularam na água para salvá-lo, mas também perderam a vida. Houve apenas um sobrevivente, de 15 anos.

Na época, a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Cidadania do MP (Ministério Público) de Santo André determinou que a Prefeitura andreense mantivesse toda a área do Parque Guaraciaba fechada.

SEGURANÇA

A equipe do Diário obteve autorização para ir até o local e acompanhar as atividades dos GCMs. Uma viatura com dois guardas fica estacionada na área próxima ao portão de entrada, trancado com corrente e cadeado. O local ainda conta com o aviso de ‘proibido nadar, perigo de morte’.

Os guardas ficam bem em frente à única margem da represa. Segundo o comandante, esses homens que também são habilitados a realizar salvamentos, fazem rondas em todo o local, inclusive na área de mata. Para o deslocamento, um barco a motor é disponibilizado, sendo possível observar a inconsistência da represa. Ela mantém pontos mais rasos no centro, onde é possível visualizar montes de terra, e fundos a poucos pés das margens.

A represa pode chegar a até 25 metros de profundidade. Porém, o maior perigo é o solo inconstante. “Aqui era área de prospecção de minério. Havia empresa que tirava esse material e isso foi transformando a região em local totalmente desigual. O que acaba acontecendo, é que, em certos momentos, você tem lama, em outros areia, ou mistura dos dois materiais, o que pode confundir qualquer pessoa que se aventure a entrar nas águas. O perigo de alguém ficar preso é muito grande”, afirmou o comandante.

FALHAS

Mesmo com o forte esquema de segurança, há quem encontra maneira de entrar no Tancão. Quem mora no bairro ou passa sempre pelo local, já foi testemunha de diversas tentativas. “Sempre que o pessoal quer acaba dando um jeito. Eu já vi gente tentando entrar pelo vão do portão e até mesmo tentando entrar pelas empresas ao lado”, disse a auxiliar administrativa Lara Cardoso Lopes, 28 anos.

O aposentado José de Araújo, 70, que mora em frente ao portão principal da área, destaca que os invasores são, em sua maioria adolescentes. “A maior parte deles tenta pular o portão. Eu já chamei a atenção e falei que morreu muita gente aí”, disse.

O comandante afirma que não há nenhuma entrada aberta ao público, mas que isso não impede as tentativas. “Há essa grande área verde que divide o perímetro urbano do perímetro do parque. e também propriedades privadas ao lado do terreno. Apesar disso, todos os muros possuem cerca e nós orientamos os proprietários quanto às invasões.”

A GCM ressalta que, no período de verão, a atenção fica redobrada. Nessa época, os guardas municipais chegam a flagrar três pessoas por dia tentando acessar o local. “Quando encontramos alguém perdido, o que acaba acontecendo muitas vezes, nós reconduzimos essa pessoa e explicamos da proibição. Porém, é importante lembrar que se a pessoa estiver realmente tentando entrar e desconsiderar os avisos, ela pode ser autuada por descumprir uma medida judicial e pode até mesmo ser conduzida a uma delegacia”, disse Durante.




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