Política Titulo Editorial
O inchaço do SUS
Do Diário do Grande ABC
03/01/2016 | 10:14
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Aline Pietri/DGABC


Em nove meses, de dezembro de 2014 a setembro de 2015, exatos 5.036 moradores do Grande ABC cancelaram seus convênios médicos particulares. Uma pequena parcela deixa os planos privados por ter condições de arcar com consultas e procedimentos particulares. Na maior parte dos casos, todavia, a decisão é reflexo da crise econômica, que corrói os salários, aperta o orçamento e torna proibitivo manter o benefício. A partir de agora, essas pessoas vão buscar atendimento nas unidades do SUS (Sistema Único de Saúde).

A notícia para essa multidão, infelizmente, não é das melhores. Filas intermináveis, demora, burocracia, falta de informatização de dados, demanda de serviços e procedimentos menor que a oferta, descortesia e até descaso são alguns dos problemas que esperam pelos pacientes que buscam atenção no sistema público de saúde do Brasil. Relatos de atendimentos aquém da expectativa se avolumam.

Sem atenção, carente de recursos e tratado com desdém pelas autoridades, que só falam dele no momento em que estão em palanques eleitorais em busca de votos, o SUS vai, paulatinamente, definhando. Atendendo a cada vez mais pessoas, sem a necessária contrapartida financeira, o sistema não se fortalece; incha. E, dessa forma, seus agentes ficam sem forças para reagir, o que acentua os problemas. Enquanto isso, o País está paralisado pela crise política que parece estar longe do último capítulo.

Em alguns Estados brasileiros, a situação atingiu o limite. No fim do ano, o governador fluminense Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi forçado a decretar situação de emergência depois que os hospitais públicos deixaram de atender os pacientes alegando falta de condições. Será a esse mesmo sistema que as 5.036 pessoas do Grande ABC serão entregues. A Saúde é direito universal do cidadão e obrigação do governo, mas o Brasil fica a dever neste quesito à população. E, a se basear nas expectativas econômicas para que o inchaço do SUS seja estancado, tornando-se financeiramente sustentável, o futuro não é nada promissor.  




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