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Espírito lúdico e poesia singela
Luzdalva Silva Magi
Especial para o Diário
28/03/2011 | 08:30
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O novo trabalho da banda mineira Pato Fu, Música de Brinquedo, espalha pelo ar doçura, suavidade e espírito lúdico. Um trabalho ousado, descontraído, feito para divertir e que ao mesmo tempo comove por sua característica singela e poética. Em entrevista, a vocalista Fernanda Takai fala sobre a carreira do grupo, suas influências e explica o atual momento do quinteto.

Percebo influência de The Sugarcubes, Echo & the Bunnymen, Mutantes, Radiohead e U2 no trabalho do Pato Fu. Quais são as outras vertentes da música que influenciaram a banda?

FERNANDA TAKAI - Costumo dizer que, se juntar a música do mundo todo num túnel do tempo, dá mais ou menos o que todos nós ouvimos. Claro que tem um ponto mais forte em comum que são os anos 1980. Como resumo eu diria que gostamos de música pop não-pura. A gente se sente atraído por coisas que gerem um certo estranhamento sem ser chato.

Falando em poética, o talento da banda vai da singeleza da música Simplicidade ao existencialismo da canção Eu. Como nasce essa poesia por vezes sublime e por vezes complexa?

FERNANDA - Essa questão lírica reflete a estética musical mesmo. Como tentamos fazer discos com um universo bastante variado, é preciso saber misturar bem os ingredientes. Às vezes temos um tema mais sério, então o arranjo tem que trazer um certo alívio formal para aquilo não ficar pedante ou mesmo hermético. Outras vezes temos letras bem divertidas que precisam trazer na parte musical algo bastante consistente para não soar clichê ou simplesmente um jeito bobo de se compor uma canção. Esses altos e baixos são marcantes em nossa personalidade criativa. Há erros e acertos ao longo da carreira de 18 anos, mas o mais importante é sempre tentar uma evolução na nossa discografia.

Cada movimento novo que surge sofre preconceito, como vocês encaram estas mudanças contínuas no cenário musical? Que bandas vocês estão ouvindo atualmente?

FERNANDA - É natural que um movimento acabe sendo o oposto do outro. Preferimos as interseções. Acho que dá para garimpar as pepitas de cada um. O lado ruim é quando uma onda abafa todo o resto. Mas não vejo mal quando aparecem coisas novas aqui e ali, resta saber que fica para fazer história a longo prazo. Gosto muito de um artista paulista jovem chamado Leo Cavalcanti. Acho que ele tem muita personalidade e estofo para seguir adiante.

 

O novo trabalho da banda é direcionado ao público infantil, como nasceu ou se desenvolveu esta ideia?

FERNANDA - Ele é direcionado a todos os públicos, mas as vozes das nossas crianças no disco são muito atraentes às outras crianças porque se identificam com o jeito natural com o qual cantaram. A ideia era fazer um álbum com várias camadas: música pop de adulto com instrumentos de brinquedo e participação de crianças. Assim ninguém fica enfadado porque em algum ponto há uma conexão afetiva com a proposta. Só que isso foi feito na base da tentativa e erro. Não sabíamos se ia ser um disco muito atraente ou totalmente repelente à maioria das pessoas. A nossa sorte é que ele virou um CD querido, comentado, presenteado a muita gente.

Amei o vídeo de Rock and Roll Lullaby, de repente eu voltei aos meus dez anos de idade. A maturidade artística possibilita estes experimentos de forma prazerosa?

FERNANDA - O vídeo oficial dessa música está sendo feito agora através da colaboração dos fãs. Vocês podem saber mais no site Projeto Baby Star (www.projetobabystar.com.br). É uma canção muito conhecida, foi um grande sucesso de novela. Quando escolhemos as músicas, nos baseamos apenas no nosso gosto musical como ouvintes. São composições que escutamos a vida inteira e nos fazem lembrar de momentos específicos. O Pato Fu sempre trabalhou de uma forma instintiva, nunca de acordo com o mercado, para gerar nossos conteúdos artísticos.

Explique o jogo de palavras Música de Brinquedo, um nome lúdico vindo de músicos tão sérios.

FERNANDA - Era a forma mais simples e direta de explicar o que tinha no disco. Parece um nome ingênuo, mas dentro dele há vários conceitos. O primeiro é que a gente precisa ter a música como algo bom na vida, que nos dê alegria, que nos emocione. Não somos tão sérios assim. Temos bom humor sempre! Somos muito concentrados no que fazemos, sem deixar a diversão de lado.

Vocês já se apresentaram no Grande ABC?

FERNANDA - Sim, a primeira vez que tocamos aí foi abrindo um show dos Titãs na época do Titanomaquia, em Santo André. Se a memória não me falha, foi no Aramaçan. Depois tocamos no Sesc Santo André, em 2006, eu acho. Queremos muito voltar. Faz muito tempo que tocamos aí.

Luzdalva Silva Magi é poeta e professora, formada em Letras pelo Centro Universitário Fundação Santo André e autora de artigos na revista Conhecimento Prático de Literatura.




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