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ONU denuncia envolvimento de crianças em conflito armado
Das Agências
13/06/2001 | 16:50
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Meio milhão de crianças estão envolvidas em conflitos armados em 87 países, denunciaram nesta semana na Organização das Nações Unidas (ONU) participantes dos painéis preparatórios para a segunda Reunião de Cúpula das Crianças, que acontecerá em setembro em Nova York.

A Colômbia, onde 14 mil menores fazem parte de grupos armados, é o país latino-americano que registra o maior número de "meninos soldados", foi divulgado em um dos painéis dedicados à Infância e o Conflito Armado.

Segundo um informe da Coalizão para Pôr Fim à Utilização de Meninos Soldados, que foi divulgado na ONU durante esta reunião preparatória, em 87 países, mais de 500 mil menores de idade, alguns de até sete anos, são recrutados pela guerrilha, exércitos governamentais, grupos paramilitares e milícias civis.

Desse meio milhão de meninos soldados, 300 mil participam ativamente de combates na linha de frente, denunciou a coalizão de organizações não governamentais. O número de países onde crianças participam ativamente dos confrontos aumentou para 41 nos últimos anos.

A coalizão acrescenta que outros 200 mil meninos soldados são empregados em outros 46 países, em serviços de espionagem, limpeza de minas, como escravos sexuais, carregadores e outras tarefas.

Na África, 120 mil meninos estão envolvidos em ações militares, segundo o informe de 450 páginas, que destaca a participação de crianças em Angola, Burundi, Etiópia, República Democrática do Congo, Ruanda, Libéria, Serra Leoa, Sudão e Uganda.

Na América Latina, Oriente Médio e nos Balcãs, a situação melhorou nos últimos anos, com o fim de diversos conflitos, enquanto novas gerações de crianças estão em perigo na África, Oceania e em alguns países asiáticos, particularmente no Afeganistão, Sri Lanka e Camboja.

Segundo o informe, Mianmar tem uma das maiores quantidades de meninos soldados no mundo.

Essa situação, dez anos depois da primeira Reunião de Cúpula das Crianças, celebrada em 1990, que fixou entre seus ambiciosos objetivos acabar com "os meninos soldados", é "intolerável", resumiu o painel dedicado ao tema da Infância e Conflitos Armados, que pediu à comunidade internacional que acabe com essa prática.

A comandante salvadorenha Nidia Díaz, atualmente deputada do Parlamento Centro-americano (Parlacen), que participou dos trabalhos na ONU, também destacou a necessidade de "se levar em consideração a situação das crianças na resolução dos conflitos armados."

Díaz, que foi uma das negociadoras da paz em El Salvador, disse que "a situação das crianças, que foram as principais vítimas do conflito de doze anos no país centro-americano, ficou ausente do processo de paz."

Várias participantes destes painéis também lembraram que até o momento só cinco países, Canadá, Bangladesh, Sri Lanka, Andorra e a República Democrática do Congo, ratificaram o Protocolo Facultativo da Convenção sobre os Direitos da Criança.

Este tratado estabelece 18 anos como idade mínima para a participação direta em conflitos, para o recrutamento obrigatório e para qualquer recrutamento por parte de grupos armados não governamentais.




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