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Itamonte: ‘causos’ e cachoeiras
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
23/06/2005 | 13:32
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De nome, pouca gente conhece. Talvez por isso, Itamonte consiga preservar tão bem os ares de tranqüila cidade do interior, com cerca de 12 mil habitantes e muitos “causos” dos tempos do Império para contar. Mas não se deixe levar pela modéstia: como todo mineiro que se preze, o município mantém-se quietinho, mas conta com uma variedade de atrativos naturais dignos de repercussão nacional. Além de servir como base de quem vai à parte alta do famoso Parque Nacional de Itatiaia, já na divisa com o Rio de Janeiro, Itamonte integra os circuitos mineiros da Estrada Real e das Terras Altas da Mantiqueira, e guarda uma infinidade de cachoeiras, picos com mirante, trilhas ecológicas e fazendas para turismo rural situados a pouco mais de 280 km de São Paulo.

O núcleo urbano fica à beira da BR-354, mas as atrações se espalham por estradinhas serranas, a maioria de terra. Para quem chega à cidade pela primeira vez, uma boa forma de explorar a região é começar a visita pelo roteiro de jipe Volta dos 80. Com 80 km de percurso, o circuito off-road passa por locais como a Garganta do Registro – passagem espremida entre as montanhas onde a Coroa Portuguesa controlava, no período colonial, o ouro extraído em Minas e enviado à Europa –, o Campo Redondo e a Usina dos Braga, hidrelétrica desativada, em estilo suíço, construída por alemães que vieram para o Brasil após a 1ª Guerra Mundial e se identificaram com o clima da região. Hoje, a usina é considerada um excelente ponto para pesca, canoagem e natação, além de abrigar máquinas da década de 30 e uma belíssima cachoeira.

Quedas d’água, aliás, não faltam à cidade, graças à altitude que varia de 800 a até 2,7 mil metros. A começar pelas cachoeiras da Conquista (30 m), ótima para a prática de cascading; do Escorrega – que, como o próprio nome sugere, possui uma espécie de tobogã natural com poço para nadar –; e a Fragária, uma das mais famosas, com queda de 70 m e piscina natural para banho. Nesta última, aproveite a visita à colônia alemã de Campo Redondo para comprar artesanato, queijos e licores.

Já aos que preferem aventuras a muitos metros de distância do chão, a dica é percorrer a trilha que leva ao altíssimo Pico do Garrafão, cujos 2.359 m acima do nível do mar indicam o ponto culminante do Parque Estadual do Pico do Papagaio. A trilha abriga minas de ouro abandonadas e túneis que teriam sido escavados a mando dos jesuítas para desviar o curso natural da água e, desta forma, facilitar o encontro de ouro e pedras preciosas nas terras do Garrafão. Hoje, o lugar serve de acampamento de aventureiros à procura de histórias, meditação e contato com seres extraterrestres. Para chegar ao pico, no entanto, não há ajuda sobrenatural que exima o ecoturista do árduo trekking de duas horas com direito a passagem pelos túneis.

Depois do Garrafão, o mais famoso pico de Itamonte é a Pedra do Picu, a 2.150 m, que originou o nome da cidade – “pedra no monte”, na linguagem indígena – embora mais lembre uma gigantesca barbatana de tubarão. Para chegar lá, no entanto, é preciso disposição: pelo lado Norte, o trekking leva uma hora e pelo lado Sul, duas horas e meia, mais 120 m de escalada em rocha. Já no passeio às Prateleiras, a 2.548 m de altitude, é possível praticar rapel de 50 m, com 45 m de negativa, tendo a bela vista do Vale do Paraíba como cenário.

Mas quem tem medo de altura também pode aventurar-se em outros passeios pra lá de divertidos, como descer de bóia pelas corredeiras dos rios Capivari e Aiuruoca; arriscar a travessia da Serra da Mina, de quatro dias, saindo de Passa Quatro até chegar em Itamonte; ou cumprir o circuito rural a cavalo, passando por fazendas locais e pela cafeeira Mãe de Ouro, onde o turista pode visitar a plantação, o processo de torrefação, saborear o café e ainda conhecer a cachoeira Mãe de Ouro, que deu nome à marca. A queda d’água é cercada de lendas, já que na grande pedra ao redor há marcas de rodas de carruagem que parecem sumir entre as águas da cachoeira.



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