D+ Titulo Contra assédio
Feminismo agita a internet
Caroline Ribeiro
Especial para o Diário
20/12/2015 | 10:30
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O ano de 2015 contou com diversos assuntos polêmicos na internet, principalmente nas redes sociais. Questões políticas, sociais e comportamentais foram constantemente discutidas na web e pautas antes não tão abordadas, como o emponderamento das mulheres e o movimento feminista, por exemplo, acabaram ganhando destaque.

Não é incomum o uso de hashtags para marcação de um assunto on-line. A novidade é que, neste ano, diversas tags foram usadas para encorajar mulheres a falarem sobre situações como assédio sexual e machismo. A internet acabou por abrir portas para temas que, até pouco tempo, costumavam ser colocadas para debaixo do tapete, fosse por medo ou vergonha.

“A grande maioria das mulheres, para não dizer todas, já passou por inúmeras situações desconfortáveis nas ruas, quando não dentro de casa. As pessoas julgam o assédio somente quando há contato físico, mas não é”, explica Talita da Silva Sousa, 19 anos, de São Bernardo. “A internet é uma ferramenta maravilhosa. Acredito que, com ela, o movimento feminista tem tomado força e vem chegando para mulheres que, até então, não sabiam do que se tratava, ou, até mesmo, possuíam uma ideia errada sobre. É extremamente necessário nos manifestarmos quando algo nos incomoda e a internet é uma grande aliada nesse sentido. É um meio mais fácil e abrangente de divulgar conversas, histórias, e até combinar os atos que saem nas ruas”, comenta.

REVELANDO CASOS

Em 2014, o Facebook foi tomado pela campanha #EuNãoMereçoSerEstuprada, na qual milhares de garotas compartilharam fotos de cartazes com frases pedindo o fim da violência sexual. Em outubro deste ano, #MeuPrimeiroAssédio ganhou repercussão quando mulheres de todo o Brasil se manifestaram e compartilharam situações de abuso que passaram ainda crianças. Todo o movimento começou após comentários com teor sexual serem direcionados a uma participante de apenas 12 anos do programa MasterChef Júnior, exibido pela Bandeirantes.

Isabela Meneses, 17, também moradora de São Bernardo, percebe que o acesso à informação tem permitido que as meninas saibam dos problemas que vivem cada vez mais cedo. “Percebo o crescimento da consciência da mulher, principalmente nas meninas mais novas, na minha escola, que só têm acesso a esse tipo de informação pela internet. O que gera uma opinião contrária à opinião dos pais, que, geralmente, trazem aquele pensamento machista da época deles – no qual o homem tinha total poder sobre a mulher”, relata.

Mais recentemente, em novembro, a tag que destacou a luta das mulheres foi a #MeuAmigoSecreto, onde as internautas descreviam atitudes machistas as quais tiveram que enfrentar em seu cotidiano. Detalhe para o fato de que as atitudes descritas eram realizadas, muitas vezes, por parentes ou amigos próximos. A ideia é fazer com que as ‘carapuças’ possam ser percebidas.

Uma das participantes de algumas dessas hashtags foi Laís Santos Pereira Silva, 16, de Diadema. Ela comenta que essas postagens nas redes sociais estão chamando a atenção de todas as pessoas, principalmente para alertar sobre o fato de os casos serem, infelizmente, muito comuns. “Espero que esse assunto seja tão divulgado e tão debatido que chegue o dia em que não precisemos nos esforçar para provarmos que somos dignas de respeito.” 




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