O mercado automotivo brasileiro é famoso por criar pseudoesportivos. Carros em que a esportividade está apenas no nome e em pequenos apetrechos estéticos. O mais novo integrante deste grupo que já teve como ícones Uno 1.5R, Gol GTI, Kadett GSi, entre outros, é o Citroën C4 Hatch Exclusive Sport, que, teoricamente, chega para aposentar o C4 VTR - aquele que na propaganda se transformava em um robô dançarino, lembra? E logo de cara, em seu primeiro desafio, o novo filho de DNA francês encara o renomado - e já consagrado entre os esportivos à brasileira - Volksvagen Golf GT.

Nesta disputa, o C4 pula na frente antes mesmo de ligar o motor 2.0 16V Flex de até 151 cv de potência (etanol). Partindo de R$ 60,9 mil, o Citroën é R$ 4.420 mais barato que o Golf GT (R$ 65.320) empurrado pelo já conhecido bloco 2.0 Total Flex de 120 cv de potência máxima.

No entanto, a diferença de preço pode ser justificada - em parte - pelo fato de o Volks entregar de série bancos revestidos parcialmente em couro. No C4, o revestimento é em veludo. De resto, no que se refere a itens de série, os dois se equiparam com ar-condicionado, direção hidráulica (eletro-hidráulica no Citroën), freios com ABS, controlador de velocidade, controle de estabilidade, rádio CD player com MP3, faróis de neblina, rodas de liga leve de 16 polegadas e vidros e travas elétricas. Tudo o que o comprador de um veículo acima de R$ 60 mil exige.

RODANDO
Mas vamos acelerar. Afinal, quando esportividade é o assunto, desempenho diferenciado é o mínimo que se espera. Os dois são equipados com motor 2.0 bicombustível. No entanto, em termos de números, o C4 se coloca à frente com 151 cv (etanol), contra apenas 120 cv (etanol) do Golf. O torque também tem diferença, com 21,6 mkgf do Citroën, diante de 18,7 do Volks. Ao volante, no entanto,o Golf compensa parte da desvantagem numérica entregando força total do bloco já a 2.250 rpm, enquanto o C4 precisa atingir os 4.000 rpm para mostrar do que é capaz.

A dinâmica dos dois é muito semelhante. A começar pela transmissão manual de cinco velocidades que, em ambos, tem engates curtos e precisos. O acerto da suspensão, mais para o rígido, também agrega esportividade à condução. É prazeroso entrar nas curvas e sentir que Golf e C4 respondem como se estivessem sobre trilhos.

INTERIOR
Os dois são requintados. O Golf, pelo revestimento dos bancos em couro, agrega maior requinte ao acabamento interno, que traz ainda peças plásticas e em alumínio com encaixes perfeitos. O C4, em vez de couro, utiliza veludo - de boa qualidade, mas inferior - plástico agradável ao toque e alumínio escovado nas maçanetas e manopla do câmbio, por exemplo.

Ao entrar no Golf GT percebemos que não estamos em qualquer Golf, mas em um que traz a sigla GT - que marcou época em 1984 com o Gol GT, pseudoesportivo que trouxe, junto ao motor 1.8 a gasolina do Santana, muitos admiradores. A primeira particularidade está na sigla GT na base do volante. Logo em seguida, percebemos a iluminação do painel diferenciada, que abandona o tradicional - e bem resolvido - azul com ponteiros vermelhos - para adotar o branco com ponteiros vermelhos. É o tipo do diferencial que o comprador deseja.

O C4, por sua vez, peca. Não traz exclusividade por ser Sport. O volante é multifuncional com cubo fixo e o painel de instrumentos é centralizado, como todos os integrantes da família C4. Estar ao volante da configurção Sport é a mesma coisa que estar no Pallas do papai. Não muda absolutamente nada.

ESPAÇO
O espaço é bom. O C4, no entanto, oferece maior comodidade às pernas dos ocupantes com 9 centímetros a mais de distância entre os eixos. O Citroën leva desvantagem no acesso pela porta traseira. Com a queda da coluna ‘C', os grandalhões, se não tomarem cuidado, batem a cabeça. O porta-malas do Golf é ligeiramente superior, em 10 litros.

DESIGN
O Golf está cansado. As marcas da vida ficam ainda mais evidentes quando encontramos na internet fotos da sexta geração do hatch da Volkswagen que ainda não tem data para desembarcar por aqui. O C4, por sua vez, tem personalidade. Apesar da dianteira idêntica ao do Pallas e do VTR, a traseira arredondada com o conjunto óptico percorrendo toda a coluna ‘C' é digno de elogios.