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Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz celebram turnê
16/12/2015 | 08:00
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O público soteropolitano se aproximou ainda mais do palco dividido por Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci e, inesperadamente, começou depositar regalos aos músicos na beirada do tablado. Colares e outros presentes foram deixados ali em uma espécie de agradecimento. Uns choravam, outros cantavam, alguns conseguiam fazer as duas coisas. A dupla de músicos, completamente surpreendidos diante daquela reação, percebeu ali, no Teatro Castro Alves, em um show no finzinho de 2011, que a canção Dia a Dia, Lado a Lado, criada por eles e pelo irmão de Tulipa, o músico e produtor Gustavo Ruiz, quando as carreiras respectivas ainda engatinhavam, atingia as pessoas de uma forma nova.

"Aquilo foi muito diferente para mim", conta Tulipa. "Ficamos chocados", completa Jeneci. Ela continua: "Isso nunca tinha acontecido. Essa música (Dia a Dia, Lado a Lado) pega em um lugar que não sei explicar. Não sei, acho que ela tem a ver com uma memória afetiva, não consigo explicar como bate em um ponto mais sensível."

A canção, criada em 2009, nasceu de uma vontade de Jeneci e Tulipa de criarem juntos para comemorar as temporadas de cada um na casa de shows Grazie a Dio, um espaço por onde passou grande parte dos já-não-tão-novos nomes mais expoentes da MPB contemporânea. Entre a temporada de um e de outro, sempre às segundas-feiras, decidiram fazer uma performance em conjunto.

Tulipa e Gustavo tinham o começo da canção e rumaram até a casa de Jeneci, no Alto da Lapa, para tentar a parceria. Surgiu Dia a Dia, Lado a Lado, canção nunca gravada até este mês. Nesta terça-feira, 15, o registro enfim saiu, com direito a um videoclipe com cenas de bastidores da gravação. Com o lançamento, também virá uma turnê, marcada para ter início em janeiro de 2016, com shows em Salvador (Teatro Castro Alves, dia 15), Rio de Janeiro (Circo Voador, dia 16) e São Paulo (Sesc Pompeia, dias 23, 24 e 25).

Um vídeo não oficial da música, registrado em um programa da MTV chamado Grêmio Recreativo, apresentado por Arnaldo Antunes, reúne 2 milhões de visualizações desde a sua publicação, em 2011. A música, contam os autores, cresceu por si mesma. Papos com fãs, durante ou depois dos shows, costumam trazê-la a tona. "E eu falava para as pessoas: 'Gente, sem o Jeneci não vou gravar essa música'", conta Tulipa. "Inconscientemente, a gente sabia que o momento chegaria."

A versão de Dia a Dia, Lado a Lado foi, enfim, gravada no começo de dezembro, em dois estúdios de São Paulo. Além de Tulipa e Jeneci (também responsável por (acordeom, wurlitzer e sintetizador), participam do registro Gustavo Ruiz (guitarra), Regis Damaceno (violão), Estevan Sinkovitz (bandolim), Luiz Chagas (guitarra lap steel), Marcio Arantes (baixo) e Samuel Fraga (bateria). A trupe unida no estúdio reúne as bandas que acompanham os dois músicos nos discos e turnês. O ponto em comum é Fraga, que gravou De Graça, segundo e mais recente disco de Jeneci, lançado em 2013, e segue atualmente na turnê de Tulipa, com base no álbum Dancê, deste ano, vencedor do Grammy Latino na categoria de álbum pop contemporâneo brasileiro.

A canção, criada após uma maratona de episódios de Anos Incríveis (série de TV exibida entre 1988 a 1993), marcou aquilo que Jeneci chamou de "começo da travessia". Era início da carreira de ambos, um ano antes de lançarem seus respectivos discos de estreia, Feito Pra Acabar (Jeneci) e Efêmera (Tulipa).

A vida dividida entre estúdio e estrada, ou "no seu próprio corre-maluco", como diz Tulipa, afastou um bocado os dois companheiros de jornada. Quando se encontravam, como naquela noite em Salvador, em 2011, ou em shows em São Paulo no começo do ano seguinte, Dia a Dia, Lado a Lado estava sempre presente.

"Quando fizemos essa música, ainda estávamos aprendendo como era ter uma carreira solo, como era colocar nossas músicas na roda. Então, ela, de alguma forma, é um ritual, uma celebração muito simbólica para a gente", explica a cantora.

Ao longo de 2015, explica Jeneci, houve uma vontade de reaproximação dos dois. Chamou Tulipa para sua festa de aniversário, no início de abril, uma farra traduzida por ela apenas como "uma delícia de festa". "A vida", diz Jeneci, "às vezes leva a gente para outro lado, um para um canto, outro para outro. Mas partimos de um mesmo lugar. É gostoso ter esse reencontro, ter por perto gente que partiu no mesmo momento em que a gente, entende?"

Divertida é a cumplicidade dos dois, juntos, para falar da nova turnê, da cria em conjunto ou um sobre o outro. A primeira lembrança de Tulipa sobre Jeneci era do "rapaz cabeludo que, às vezes, tocava na banda Glória (do irmão Gustavo)".

Já ele se recorda de um show solo dela no Studio SP, em Pinheiros. "Sabia que ela era irmã do Gustavo", conta ele. "Naquela época, queria ter uma camiseta com as palavras: 'O Gustavo vai bem e não sou da DonaZica (outra banda do irmão)'", brinca ela. Jeneci completa: "Hoje, o Gustavo que é o 'irmão da Tulipa'". E os dois riem. Juntos, enfim.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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