Economia Titulo Braskem
Vence prazo para Petrobras fornecer insumo para Braskem

Falta de contrato com a petroquímica coloca
em risco continuidade do polo do Grande ABC

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/12/2015 | 07:02
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Anderson Silva/DGABC


Venceu ontem o contrato de fornecimento pela Petrobras do principal insumo da Braskem. No entanto, segue indefinido o futuro do Polo Petroquímico do Grande ABC, o que gera riscos à continuidade de 31 mil empregos nos elos da cadeia da indústria química na região e também à arrecadação de prefeituras como Mauá e Santo André, segundo representantes do setor. Essas cidades têm, respectivamente, 60% e 30% das receitas com impostos proveniente do polo.

Os riscos de desemprego e de perda de receita municipal existem por causa da indefinição em relação à assinatura de contrato de longo prazo da Petrobras para o fornecimento da principal matéria-prima para a atividade: a nafta petroquímica. O segmento está apreensivo, já que venceu ontem o prazo de validade do último aditivo contratual (em vigor desde outubro) que prorrogou por 45 dias o fornecimento dessa matéria-prima da estatal para a produção da Braskem, que tem fábrica de petroquímicos básicos no polo. Ontem, as duas empresas ainda negociavam contrato de longo prazo, e a reunião não tinha terminado até o fechamento desta edição, às 22h30.

A petroquímica já assinalou que, se não houver acordo de longo prazo para ter a nafta, pode fechar suas fábricas no Grande ABC, onde está o polo petroquímico mais antigo (existe desde 1972) e também porque este é o menor do País: tem capacidade para a produção de 700 mil toneladas anuais de eteno (produto petroquímico básico que serve para fabricar resinas destinadas à confecção de embalagens e peças plásticas).

Segundo fonte do setor, a petroquímica e a estatal chegaram a entendimento em relação ao preço (um dos principais entraves até agora), com a participação do Ministério das Minas e Energia, que intermediou as negociações. As duas partes teriam concordado que a Braskem pagaria, durante dez anos, 101% da cotação europeia ARA (que é sigla para os mercados de Amsterdam, Rotterdam e Antuérpia). O percentual é bem próximo do valor que vinha sendo pago até agora – 100% da ARA –, de acordo com os aditivos (foram cinco) ao contrato original, que venceu em 2014 e previa pagamento variável entre 92,5% e 105%, de acordo com as condições de mercado.

A petroquímica brasileira queria, inicialmente, que houvesse flexibilidade entre 90% e 110% nesse novo contrato – se o preço estivesse baixo, como atualmente (está US$ 40 o barril), a empresa pagaria o teto da banda, mas aceitou ceder, pela garantia de ter a nafta no longo prazo.

Porém, a estatal não teria concordado em que houvesse cláusula de renegociação das condições em caso de o valor do petróleo subir ou cair demais. Oficialmente, a estatal diz que ainda está em tratativas “na busca de condições que sejam equilibradas para ambas as companhias” e garante que não haverá interrupção no fornecimento.
 




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