O desenrolar do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional, ao que parece, está condicionado às diferenças de calendário da situação e da oposição. Os deputados ligados ao governo querem acelerar a tramitação do processo, por acreditar que vence a batalha e arquiva a denúncia caso não haja tempo de a população ser mobilizada. Já os parlamentares rivais, que precisam de prazo maior para interessar a sociedade no assunto, trabalham para esticar as datas.

Este Diário, tão logo o pedido de impedimento foi acolhido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dia 3, defendeu neste espaço que a tramitação obedecesse, “sem demora”, aos anseios do Brasil e não aos dos parlamentares ou do governo. Existe rito determinado pela Constituição da República e pelas leis complementares e espera-se que ele seja seguido, sem quaisquer procrastinações ou acelerações suspeitas.

A propósito do tema, interessante invocar alguns versículos do capítulo 3 do Eclesiastes, não por acaso considerado um dos livros sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia: “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou”. Que os políticos compreendam a importância do momento que protagonizam e ajam de acordo com suas consciências cívicas.

Que suas excelências encontrem a melhor maneira de equilibrar suas convicções com as necessidades do País, de modo que o Brasil consiga superar o momento sem desrespeitar a Constituição – e o impeachment é um dos dispositivos legais da Carta Magna, expressos nos artigos 85 e 86 – e a vontade soberana da população. Todos os esforços devem ser feitos para que a Nação vença o desafio que se apresenta e, no menor tempo possível, possa retomar as rédeas do desenvolvimento, econômico e social. A eterna disputa pelo poder, que atravanca a análise de projetos importantes para a sociedade, deve ser evitada. Como precisam compreender governo e oposição.