Política Titulo Editorial
O mito da qualificação
Do Diário do Grande ABC
07/12/2015 | 08:29
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Aline Pietri/DGABC


Resultado de pesquisa promovida por consultoria multinacional de recursos humanos com empresários do Grande ABC joga por terra o mito de que a região tem uma das mais capacitadas mão de obra do Brasil. A realidade é muito diferente disso. Estudo da norte-americana Robert Half mostra que 96% dos gestores de companhias instaladas nas sete cidades relatam dificuldades para recrutar profissionais bem preparados para cargos de comando. Eis assunto importante que deveria preocupar a classe política. Debatê-lo no Consórcio Intermunicipal é quase imposição.

A maior falha dos candidatos a emprego, apontada pelos executivos em 67% dos questionários, é a falta de qualificação técnica. O dado causa estranheza porque acreditava-se que, por ser polo universitário do País, o Grande ABC conseguisse colocar no mercado trabalhadores aptos a encarar os desafios propostos pelas companhias. Vê-se agora, no entanto, que o otimismo era exagerado.

Instituições de ensino superior despejam anualmente centenas e centenas de profissionais pretensamente preparados para assumir postos de chefia nas empresas da região – ou fora dela, evidentemente. O filtro do mercado, todavia, acaba retendo a grande maioria deles. De acordo com o levantamento da Robert Half, boa parte apresenta falta de experiência e defasagem de segundo idioma e, exatamente por causa disso, não consegue a colocação pretendida.

Diante de informação tão relevante, necessário questionar se os currículos das faculdades foram revistos de modo a adequá-los às necessidades do momento. Depreende-se, pelas manifestações dos executivos, que os planos de estágio, destinados a minimizar os efeitos da inexperiência, estão falhando fragorosamente. Também é preciso discutir o ensino de segunda língua, desde os primeiros anos até a universidade – isso para não tocar na polêmica de que o próprio Português é negligenciado. A imagem do Grande ABC, de possuir excelência na formação de profissionais, está arranhada. Hora de trabalhar pela recuperação. 




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